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‘São Paulo é o Estado que mais rejeita Lula e Bolsonaro’, afirma Arthur do Val

Pré-candidato ao governo, deputado estadual é a ponte no MBL com o ex-juiz Sérgio Moro no Estado 

Foto do author Gustavo Queiroz
Por Gustavo Queiroz
Atualização:

O deputado estadual Arthur do Val (Patriota), pré-candidato ao governo de São Paulo, afirmou que o Estado é o que “mais rejeita Lula e Bolsonaro” e, por isso, será decisivo na corrida presidencial. 

No MBL, o deputado é a ponte com o ex-juiz Sérgio Moro na disputa eleitoral em São Paulo. O presidenciável do Podemos já declarou apoio a uma candidatura de Do Val e, nas redes sociais, disse que o Brasil precisa de sua “locomotiva econômica para sairmos do atoleiro que nos encontramos”. Leia os principais trechos da entrevista. 

'Moro é meu candidato e eu sou o candidato dele', diz Arthur do Val. Foto: Alex Silva/Estadão

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O ex-juiz Sérgio Moro apoia sua candidatura no Estado. Isso se mantém? 

Ele é meu candidato e eu sou o candidato dele. Isso está sacramentado. Temos uma grande empatia pelo outro, além disso temos uma trajetória de luta pela mesma coisa, nós não queremos deixar o País na mão nem da maior quadrilha que já dominou esse País que é o PT e nem na mão do Bolsonaro. Nós não podemos ficar entre esses dois extremos, o que se chama de terceira via tem crescido muito. O desafio agora é fazer com que essas pessoas se tornem vibrantes, porque via de regra o eleitor da terceira via está cansado. É um eleitor cujo desafio é motivá-lo para que ele vá à luta. Eu e Sérgio Moro estamos completamente envolvidos nessa luta e eu acredito que seja possível da gente conseguir fugir dessa dicotomia nefasta.

Está consolidada a sua candidatura pelo Patriota?

Em 2020 eu fui disputar a prefeitura e os partidos não entendiam essa lógica. O Patriota botou fé em mim e quando a gente foi disputar a eleição eu era o azarão. Eu fiz 10%, mesmo a pesquisa me dando 1%. Imediatamente após eu comecei a receber diversos convites de tudo quanto era partido. Hoje eu estou em uma posição diferente, de sentar e exigir. A gente fez uma lista de exigências para todos os partidos e estamos conversando. A questão partidária é secundária, ela não é fundamental. Nosso pragmatismo, nossa bandeira, nossos valores travam outras lutas que não essa luta da política partidária institucional, isso fica para um segundo plano. 

De que forma pretende se distanciar de outros pré-candidatos que correm no campo da direita? Como a sua candidatura seria diferente?

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Nós temos uma arrecadação de primeiro mundo, um PIB de primeiro mundo e temos problemas de país subdesenvolvido. Mas nós temos um pacto federativo que destrói o nosso estado. São Paulo é roubado pela União. Por que o cidadão (de uma cidade do interior de São Paulo) depende da emenda de deputados federais e de um orçamento vinculado feito sobre regras de deputados federais de outros Estados? A gente propõe que a reforma do orçamento seja feita de forma gradativa. A gente vai devolver de 2 em 2%. Se a gente não liderar a revisão do pacto federativo, ninguém vai fazer. Mudar São Paulo é mudar o Brasil. É muito importante que a gente tenha essa consciência da revisão do pacto federativo, que é a tese central da minha campanha. 

O que o colégio eleitoral de São Paulo significa para uma candidatura de Moro?

O Estado de São Paulo é o que mais rejeita Lula e Bolsonaro e é um Estado que tem uma visão de vanguarda das coisas que acontecem.. É claro que o São Paulo mais uma vez vai fazer história nessa eleição e o Moro enxergou isso, o Moro não é bobo, ele olhou e falou que o Estado é importante. E ao analisar todos os outros pré-candidatos fica claro que nenhum deles representa os anseios da terceira via. O nosso projeto é o único que é disruptivo, que toca o dedo na ferida mais importante de São Paulo, que é a defesa do nosso Orçamento. Se o Moro entender o espírito do que nós estamos fazendo aqui, algo disruptivo, corajoso, que põe o dedo na ferida, com certeza isso vai acontecer. Para que isso aconteça você vai necessitar de energia e ousadia. E é isso que a gente quer passar para o Moro. É uma batalha que nós já estamos há muito tempo e é necessário que o Moro entenda o espírito do que a gente está fazendo aqui e que seja contagiante. 

Você traz questões da sua pré-campanha que dependem de articulações nacionais. Como a sua campanha pretende contribuir com a do ex-juiz? 

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É muito claro que temos estilos diferentes. Moro dedicou a sua vida ao serviço público. Ele é um tecnicista, é um juiz, prestou um concurso, teve a coragem de prender os maiores bandidos desse país, tanto políticos quanto organizações criminosas, grandes traficantes. O meu estilo de ter coragem é muito parecido, mas a gente é diferente na forma de apresentar. A minha é um pouco mais vibrante, apaixonante por um lado ou pelo outro - ou você ama ou você odeia. A gente representa uma massa de pessoas que replicam aquilo que nós queremos para o Brasil e isso é muito raro. O sucesso nas redes é uma consequência de algo maior, que vem antes. Com certeza absoluta a nossa base, a nossa pré-candidatura, ajuda muito a alavancar a candidatura do Moro, calcada em valores sólidos, em ações que ele vem mostrando ao longo da sua trajetória que são aquilo que o povo de São Paulo faz, fazem história. Por mais que ele seja do Paraná ele fez parte de uma grande reviravolta histórica na nossa trajetória e isso é complementar. 

O deputado Junior Bozzella (PSL) tem organizado uma volta no interior do Estado junto com Moro e falado da possibilidade de se vincular a uma candidatura do Doria para dar certo a chamada terceira via na corrida eleitoral nacional. Como você vê esse movimento? Isso afeta a sua candidatura?

Esse é um movimento natural do União. O União quer ter um candidato que não emplaca, que é o Doria. Só que eu acho que isso não vai acontecer porque o Doria não representa os anseios do que a gente chama de terceira via. As próprias ações vão no sentido contrário do que a gente esperava dele. A gente esperava alguém que fosse pró-mercado, e o que a gente viu não foi isso. Independente dos partidos, eu acho importante o Moro agregar o maior número de pessoas possível, inclusive os oportunistas. Não é o papel do Moro bater de frente e ficar brigando. Apoio não se recusa. Se o PSDB quiser apoiar, apoia, não tem problema. Agora, abrir mão de uma candidatura própria, calcada em propostas e valores para apoiar o PSDB, isso de forma alguma. 

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No Patriota, haverá apoio do partido à candidatura do Moro?

O apoio do Patriota à candidatura tem várias camadas. Eu estou no Patriota e vou apoiar o Moro independente de qualquer coisa. Mas o apoio institucional é muito mais uma conversa nem do Moro e minha mas da Renata (Abreu, presidente do Podemos) com o Ovasco (Resende, presidente do Patriota). Quando você vincula o partido nacionalmente com alguém, você precisa fazer renúncias. Estaria o Patriota disposto a fazer isso? Eu não sei. Eu nunca participei dessa parte institucional partidária. O Patriota foi uma plataforma para que eu me candidatasse e colocasse minha chapa à disposição dos eleitores e isso foi cumprido e em 22 é a mesma coisa. 

Na sua lista de exigências há um pedido do Podemos para que se vincule a um partido com força em São Paulo para potencializar candidatura nacional?

O apoio do Arthur e do Moro já está feito. A parte de formação de chapa e coligação a gente deixa com a Renata e o Ovasco, não cabe a mim. Existe o convite de todos para que a gente vá. O que a Renata quer? Que a gente vá para o Podemos. O que o Bozella, que o União quer? Que a gente vá para o União. O que o Ovasco quer? Que a gente vá em massa para o Patriota. O que a gente já decidiu é: nós estaremos todos juntos. Ponto. Kim (Kataguiri), Arthur (do Val), Rubinho (Nunes), Adelaide (Oliveira), Renato (Battista), Guto (Zacarias), Amanda (Vettorazzo), Heni (Cukier), que vai sair do partido Novo. Esse grupo estará em um lugar só.

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