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Santoro usou jornalista para pressionar Cachoeira a entregar fita

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Por Agencia Estado
Atualização:

Novos trechos de uma gravação mostrados pelo Jornal Nacional, revelam que o subprocurador geral da República José Roberto Santoro usou o temor do jornalista Mino Pedrosa para tentar convencer o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a entregar a fita com a gravação em que Waldomiro Diniz, ex-assessor do Palácio do Planalto, lhe pede propina. Pedrosa foi uma das pessoas que tiveram acesso à fita e Cachoeira sugeriu a Santoro que fizesse uma busca e apreensão na casa do jornalista, que prestou assessoria a Cachoeira até recentemente. "Esse daqui (o jornalista) tá desesperado, porque eu acho que tão acusando ele de ter passado a fita, coisa do gênero. Tá doido! Tá doido! O Mino tá doido. Eu tô com pena, que ele chegou pra mim e falou assim: ´olha, Santoro, essa vai estourar nas minhas costas porque eu tive com a desgraçada dessa fita 24 horas´", revela Santoro em um dos diálogos com Cachoeira mostrados pela TV Globo. Mais adiante, aparece outra conversa do subprocurador, desta vez com o próprio jornalista: "Mino, não teria algum momento em que essa fita deu bobeira?" Mino responde: "Santoro, teve na minha mão e na mão do Carlinhos". Aí eu falei: então esse porra copiou e passou pra alguém e esse alguém passou adiante. Ele falou: "impossível". Aí eu falei: ele tá numa situação ruim." Santoro, segundo as gravações, chega a assumir o vazamento da fita de Cachoeira. "Então é o seguinte: eu vou pegar essa fita e se um dia ela sair publicada pelo menos a culpa cai em cima de mim, eu sou procurador e todos têm raiva de mim... Tô te protegendo judicialmente, eu assumiria." Neste momento, Cachoeira chega a propor uma busca e apreensão no escritório de Pedrosa, mas a sugestão foi rejeitada. "Uma busca e apreensão no escritório de um jornalista, qual é o juiz que vai me dar isso? Aí eu vou levar ele lá pro juiz e dizer assim: ele quer que o senhor faça uma busca e apreensão na casa dele. "Ô Santoro, você ficou maluco? Você tá doido? É simulação de prova?" Como é que eu vou simular uma prova, eu vou fazer uma busca e apreensão na coisa, simular, pra dar garantia? Porra, pelo amor de Deus, eu sou subprocurador geral, nem um... Ô Mino, eu fiz tudo o que podia fazer." Em outra parte da gravação, é Santoro que diz que poderia fazer uma busca e apreensão na casa de Cachoeira, em Anápolis, mas resolveu poupá-lo. "Agora, tu imagina a violência. O cara fala "nego tem filho, tem mulher, Santoro, ele sentou contigo, por favor". A Federal (Polícia Federal) tinha arrebentado em cima de Anápolis, principalmente sabendo o conteúdo da fita. Tinham pego essa fita e você sabe o que eles iam dizer? Eles iam pegar o documento na tua casa, carteira de identidade da tua mulher, e essa fita nunca ia aparecer."

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