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Sanitarista critica método de combate à dengue

Por Agencia Estado
Atualização:

O médico sanitarista Jaime Calado, ex-secretário nacional do Plano de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa), criticou duramente a opção do governo federal de controlar infestações, nos últimos oito anos, em vez de tentar a erradicação do mosquito transmissor da dengue. Ele esteve nesta quarta-feira no Rio, no 2º Fórum Estadual sobre a Dengue, promovido pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj). Calado disse que a próxima etapa a ser enfrentada pelo Brasil deverá ser a epidemia de dengue hemorrágica, uma vez que a população já passou pelos estágios anteriores e progressivos - dispersão do mosquito, casos episódicos de dengue clássica, epidemias de dengue clássica, casos esporádicos da forma hemorrágica. No ano passado, houve 780 mil casos notificados da doença e 148 mortes. "É um sério risco que enfrentamos dentro de pouco tempo, visto que quem já foi afetado pela doença tem maior chance de ter dengue hemorrágica." Para o sanitarista, o plano de controle dos mosquitos é bem-feito, porém não passa de uma medida paliativa. "O controle não funciona, significa a presença do Aedes aegypti e tenta-se manter o índice de infestação inferior a 1% das residências. Mas existe o constante risco de descontrole. Estamos perdendo de goleada, quem ficar ao lado do controle vai perder essa partida", afirmou. "A única coisa que resolve é a erradicação, que ao mesmo tempo reduz consideravelmente a incidência de casos da doença." Segundo Calado, um dos responsáveis pelo plano nacional apresentado em 1996, seriam necessários aproximadamente cinco anos de investimento. Seu projeto de 1996, na gestão do ministro Adib Jatene, estipulava o montante em R$ 4,5 bilhões durante três anos. "Quantas pessoas têm de morrer para o governo achar que isso é prioridade?" O sanitarista criticou a atuação do governo Fernando Henrique Cardoso no combate à doença. "Ele assumiu com 56 mil casos por ano e deixou com 780 mil. Passou apenas a distribuir dinheiro, quando tem de fazer políticas públicas", disse.

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