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Saída do MST de terra da Votorantim deve ocorrer nesta quinta

Depois de dia tenso, com a presença de sete unidades da PM, despejo não ocorreu. Mas o juiz José Gilmar da Silva manteve a ordem de retirada

Por Agencia Estado
Atualização:

O MST resistiu nesta quarta-feira a uma ação de reintegração de posse do engenho São João, pertencente ao Grupo Votorantim, no município metropolitano de São Lourenço da Mata, e desafiou a justiça: um dos representantes do movimento rasgou o mandado que lhe foi entregue pelo oficial de justiça às 6h40. Depois de um dia de muita tensão, com a presença de 350 homens de sete unidades da Polícia Militar no local, o despejo não ocorreu, mas o juiz da 2. vara cível de São Lourenço da Mata, José Gilmar da Silva, manteve a ordem, que deverá ser cumprida nesta quinta. No final da tarde, depois de 10 horas de expectativa de possibilidade de um confronto de homens do Batalhão de Choque, Cavalaria, canil, operações especiais e radiopatrulha da PM com as 60 famílias do acampamento Chico Mendes, o deputado estadual Isaltino Nascimento (PT) anunciou, depois de falar com parlamentares em Brasília, que havia sido encontrada uma solução. O presidente nacional do Incra, Rolf Hackbart teria conversado com a direção nacional da Votorantim e chegado a um acordo que adiava para o dia 15 uma reunião com advogados da empresa em busca de uma solução para o acampamento Chico Mendes. O juiz José Gilmar não cedeu. Ele já havia se mantido inflexível no meio da manhã quando uma comissão formada pelo promotor agrário estadual, Édson Guerra, parlamentares estaduais e advogados de comissão de direitos humanos foi a ele ponderar sobre a possibilidade de violência em uma área em que também crianças estão acampadas com suas famílias. O juiz alegou que o MST - que havia invadido a área pela primeira vez em março de 2004 e retirado no ano seguinte - voltou a ocupar a área, descumprindo um acordo e sendo, portanto, reincidente. Segundo o oficial de justiça Joel Rodrigues de Moura, diante da negativa do juiz, a Polícia Militar - que decidiu não desalojar as famílias nesta noite - terá de fazer o despejo sob o risco de ser acusada de descumprimento de ordem judicial. Uma unidade da PM permaneceu no local durante a noite e os sem-terra mantêm a postura de não sair da área. De acordo com o MST, o engenho São João, pertencente à Usina Tiúma, que faliu, estava abandonado quando o movimento o invadiu. Advogados da empresa em Pernambuco afirmam que antes da primeira ocupação, a empresa ofereceu duas áreas ao Incra, os engenhos Poço e Carvão, totalizando pouco menos de 400 hectares. A negociação não foi adiante. O MST afirma que estas áreas são ocupadas por moradores que trabalhavam para a Usina Tiúma e reivindicadas por outro movimento social. O grupo Votorantim diz que a área do São João é de 270 hectares e que, depois da desocupação no ano passado, aceitou que os sem-terra colhessem a lavoura plantada na área.

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