'Ruth Cardoso deu novo sentido ao papel de primeira-dama'

Para o escritor Ignacio de Loyola Brandão, Ruth avançou com ações sociais que 'olhavam pro outro, sem esmola'

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Por David Moisés
Atualização:

Nascido em Araraquara, conterrâneo de Ruth Cardoso, o escritor Ignacio de Loyola Brandão diz que a antropóloga "deu novo sentido" ao papel de primeira-dama no País, e promoveu um avanço ao lançar ações sociais que levam a "olhar para o outro, mas num sentido moderno, sem esmola". Ele se refere ao programa Comunidade Solidária e às ONGs que o sucederam na rede Comunitas, com projetos de geração de renda e desenvolvimento sustentável em comunidades carentes. "Tem tudo a ver com a cabeça dela", observa Loyola.   A cabeça de Ruth, segundo o escritor, era a de uma mulher autêntica, objetiva e simples. "Há um ano e pouco, fui encarregado de convidá-la para uma vaga na Academia Paulista de Letras, e ela me disse: 'Não sou autora, não sou escritora'. Argumentei que as academias convidam pessoas de notório saber, que engrandecem a cultura, mas Ruth disse simplesmente que isso não era para ela."   Veja também: Ideli Salvati, líder do PT no Senado, fala sobre a morte Senador Álvaro Dias lamenta perda Morre em SP Ruth Cardoso Conheça os principais fatos da vida de Ruth Cardoso  Galeria de fotos da trajetória de Ruth Cardoso  Ruth Cardoso teve carreira marcante na academia Antropóloga, Ruth Cardoso era intelectual reconhecida Serra e Alckmin lamentam a morte Lula: morte 'é uma grande perda' para o Brasil   Loyola lembra de Ruth na adolescência, nos idos de 1945, e da família "fantástica" da qual ela fazia parte. A mãe, dona Mariquita, foi professora de biologia do escritor. "Era bem-humorada e severa, uma ótima professora", recorda. E Ruth cresceu "uma moça muito bonita, que todo homem queria namorar". Autor de Zero, Não Verás País Nenhum e outros títulos consagrados, Loyola conta que dedicou um capítulo a Ruth em A Altura e a Largura do Nada, de 2006. "Estive distante dela por muitos anos, mas recentemente havíamos nos aproximado." O Brasil, diz ele, perde uma grande mulher.

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