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Rosinha fica no cargo e Garotinho tentará ser presidente ou vice

Com a decisão, o ex-governador quis sinalizar que sua pré-candidatura é para valer - o que não o impediu de acenar para o PSDB, não descartando uma candidatura a vice dos tucanos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de uma semana de indecisão e movimentos contraditórios, a governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho (PMDB), anunciou nesta quinta-feira que ficará no cargo até o fim do mandato, o que deixa a seu marido, o ex-governador Anthony Garotinho, apenas duas opções eleitorais em 2006: concorrer a presidente ou vice-presidente da República. Contra as pressões de correligionários que queriam a candidatura de Garotinho a deputado federal para "puxar votos" para o PMDB fluminense e a da própria Rosinha na disputa para o Senado, prevaleceu a avaliação de que o ex-governador enfraqueceria a sua pré-candidatura à Presidência se fosse à convenção admitindo concorrer a outro posto. Com a decisão, Garotinho quis sinalizar que sua postulação é para valer irá até o fim - o que não o impediu de acenar para o PSDB, não descartando uma candidatura a vice dos tucanos. "O povo do Rio de Janeiro me elegeu para continuar o projeto do Garotinho", discursou Rosinha, em solenidade no Palácio Guanabara, lotada por beneficiários dos programas sociais do governo que deram ao ato tom de comício. "Vou continuar a lutar, a governar este Estado, missão que vou cumprir com determinação até o final do mandato." Por lei, são inelegíveis os parentes do governador do Estado, a não ser para presidente ou vice. Lula O discurso foi marcado por ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, menções ao escândalo do mensalão e reclamações contra suposta perseguição da União ao Rio. "Quantas obras o presidente Lula fez no Rio? Nenhuma!" Antes da decisão, o casal chegou a se dividir. Garotinho queria que a governadora renunciasse ao cargo, mas Rosinha insistia em ficar. Ela anunciou que se reuniria com a executiva regional do PMDB para decidir, mas, na noite de quarta-feira, o encontro foi cancelado. Entre os candidatos a cargos federais, o desejo mais forte era que Garotinho concorresse à Câmara, o que exigiria a renúncia. Nesse grupo, estavam o senador Sérgio Cabral Filho, pré-candidato a governador, que queria ter um candidato forte ao Senado, e o vice-governador Luiz Paulo Conde, que substituiria Rosinha. Políticos locais, como prefeitos, que dependem da máquina pública, pressionavam para que a governadora ficasse. Um deles era o presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani, pré-candidato a senador que perderia a vaga se Rosinha saísse. Tucanos Outra iniciativa de Garotinho para tentar se fortalecer internamente no PMDB tem sido a intensificação dos seus movimentos em direção ao PSDB. Ele tem conversado com o pré-candidato tucano a presidente, Geraldo Alckmin, a quem elogia pela "elegância", e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Olha, para ter segundo turno, sua candidatura é fundamental", disse FHC ao peemedebista, há alguns dias. Garotinho também tem feito circular a versão de que, se não conseguir ser candidato a presidente, poderá integrar a chapa de Alckmin, como postulante a vice. É uma forma de mostrar que, mesmo derrotado, continuará no jogo de 2006. "Foi um sinal que ele fez para os governistas, de que, ainda que perca, vai jogar o partido contra o Lula", disse um auxiliar da governadora. No PMDB do Rio, contudo, já se admite que o mais provável é que o pré-candidato perca a convenção nacional da legenda. "Só vou pensar em qualquer outra possibilidade depois de junho (quando haverá a convenção do PMDB)", disse Garotinho depois da cerimônia. Ele declarou que o presidente Lula foi um "carrasco", perseguindo a governadora e o Rio de Janeiro, e afirmou que, se o PMDB decidir apoiar a reeleição do presidente, fará voto branco. "Não posso subir no palanque do Lula", declarou. Com o PSDB, o tom foi outro. Garotinho não descartou a aliança, disse que a decisão, no caso, será do partido, e elogiou Alckmin e Fernando Henrique. "O governador Geraldo Alckmin é excelente pessoa, não temos nada de pessoal contra ele, sempre ressaltei isso. Agora, essa questão não pode ser tratada antes do tempo. De repente, pode ser até que a candidatura dele não cresça, que a minha cresça mais. Da mesma forma que julgam que posso ser vice dele, ele também pode ser vice da minha chapa." Antes da solenidade, o casal teve reunião fechada com cerca de 50 peemedebistas - prefeitos, deputados, dirigentes - a quem comunicou a decisão. Depois, Rosinha anunciou 15 novos secretários, três novos presidentes de estatais, um novo presidente de conselho e novo chefe de Polícia. O novo secretário de Segurança Pública é o delegado federal Roberto Precioso Júnior e o novo secretário de Cultura é o sambista Noca da Portela.

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