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Roseana assume, mas Lago recusa-se a deixar palácio

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Por WILSON LIMA
Atualização:

Mesmo sem poder ocupar o Palácio dos Leões, sede do governo do Estado e com um secretariado com perspectiva de ser essencialmente político, Roseana Sarney (PMDB) assumiu hoje o governo do Maranhão. Jackson Lago (PDT), cuja cassação pelo crime de abuso de poder político foi confirmado na noite de quinta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), recusa-se a deixar o Palácio dos Leões. Lago acompanha correligionários que ocuparam a sede do governo desde o início da madrugada de hoje.A diplomação de Roseana Sarney ocorreu por volta das 10h20, no Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA), comandada pelo vice-presidente do TRE, desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos. A posse de Roseana Sarney aconteceu no início da tarde, na sede da Assembleia Legislativa. Como era esperado, nem Lago nem os deputados que compuseram a base governista do PDT durante os últimos dois anos compareceram ao ato. Já o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, participou da cerimônia de posse de Roseana Sarney.No discurso de posse, Roseana Sarney declarou que esse é o momento de "reconstrução" do Maranhão e conclamou a ajuda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do qual foi líder de governo até ontem, e do ministro das Minas e Energia, Edson Lobão. Roseana fez duras críticas aos 28 meses de governo Jackson Lago no Estado e chegou a dizer que, no período, envergonhava-se de ser maranhense. "Deus nunca me abandonou. Agradeço à Justiça e às pessoas que nunca me deixaram só. Agora, com responsabilidade, vamos reconstruir todo o Maranhão", disse Roseana. Com a entrega da carta de renúncia de Roseana Sarney, Mauro Fecury (DEM) assume o lugar da peemedebista no senado. Após a posse, a senadora Roseana Sarney foi começar a trabalhar de sua residência, no bairro Calhau, por causa da ocupação do Palácio dos Leões.ResistênciaAproximadamente 500 militantes do PDT, alguns ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e à Via Campesina, denominados de "balaios" (em alusão a um movimento social do Maranhão do século XIX), invadiram a sede do governo do Estado como forma de protesto pela confirmação da cassação de Lago pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ocupação foi comandada pelo próprio Jackson Lago. Também apoiaram a iniciativa o deputado federal Domingos Dutra (PT) e o deputado estadual Valdinar Barros (PT). Segundo Lago, "se sairmos aos poucos, daremos sinal de que nossa luta acabou". "Precisamos resistir", confirmou o ex-governador cassado. Durante a madrugada e início da manhã, eles cantavam músicas de protestos e proferiram discursos contra a decisão do TSE de ratificar a cassação de Lago. Foram montadas tendas para os "balaios" e os líderes do grupo buscam doações para fornecimento de lanches e água.Lago ainda continua no Palácio dos Leões conversando com prefeitos e deputados aliados. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seccional Maranhão deverá emitir, ainda hoje, uma nota de repúdio contra a ocupação do Palácio dos Leões por Lago e aliados. Até o final da manhã, não houve depredação do patrimônio. A cassação de Lago aconteceu na noite de ontem, exatamente três anos após o comício de aniversário da cidade de Codó, onde o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB) estava no palanque com Jackson Lago (PDT) e Edson Vidigal (PSB). O episódio foi tomado pelos ministros do TSE como uma das provas mais consistentes para o processo de cassação do pedetista.

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