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Risco de banho de sangue na Reserva Apyterewa

Por Agencia Estado
Atualização:

Um confronto armado entre índios parakanãs da Reserva Apyterewa e invasores de terras provocou a morte, a tiros, de três pessoas em São Félix do Xingu, segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de Altamira. Segundo o coordenador do Cimi, Tarcísio Feitosa, os corpos das três vítimas, ainda não identificadas, estão dentro da reserva indígena desde sexta-feira passada, porque não puderam ser resgatados pela polícia ou por legistas do Instituto Médico Legal de Marabá. O clima é tenso na área: os dois mil invasores prometeram vingar os companheiros mortos, expulsando os 304 índios da reserva de 960 mil hectares. O local é rico em mogno e ouro. Matar e morrer O cacique Xapucatua Parakanã é quem está liderando os índios armados. "A nossa área está invadida desde 1993, ganhamos a reintegração de posse na Justiça Federal, porém, desde julho passado, a polícia não cumpre a ordem de retirar os invasores", informou Xapucatua. Se as autoridades nada fizerem, prometeu o cacique, os índios "vão morrer, mas também vão matar", defendendo suas terras. O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Altamira, Benigno Marques, disse estar muito preocupado com a possibilidade de um banho de sangue na reserva. Batata quente A possibilidade de um novo confronto armado foi comunicada, nesta quarta-feira, ao ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira. O secretário de Defesa Social do Pará, Paulo Sette Câmara, afirmou que a Polícia Militar não vai entrar na reserva indígena para retirar os invasores, porque a tarefa cabe à Polícia Federal. O superintendente da PF no Estado, Geraldo Araújo, respondeu que se houve matança, isto é "problema de ordem pública em qualquer lugar". A PF, segundo o superintendente, não tem tropa e nem é força pública para agir no caso da retirada de dois mil invasores. "Como é que se vai tirar esses posseiros sem ter um local onde colocá-los?". Ao fazer essas considerações, Geraldo Araújo fez questão de declarar que não estava criticando Sette Câmara, por quem disse nutrir "enorme admiração". Acordo? Nesta quarta, surgiu a possibilidade de um acordo entre as Polícias Federal e Militar para a realização de uma operação conjunta na reserva. O Cimi e a Funai defendem a entrada do Exército na área para desarmar os dois lados e retirar os invasores. Madeireiros e fazendeiros da região estariam fornecendo armas aos invasores, alegando que a reserva é muito grande para abrigar apenas 300 índios. Eles querem a diminuição da área para 350 mil hectares.

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