Rio recebe aporte de R$ 30 mi para combate a dengue

Por Agencia Estado
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A gravidade da epidemia de dengue levou o Ministério da Saúde a aumentar de R$ 70 milhões para R$ 100 milhões investimento no Estado para o ano de 2002. Parte do dinheiro será utilizada para custear as internações de pacientes com a doença em hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), que agora consumirão verba especial da União. E o valor pago por cada internação subirá de R$ 150 - o que é considerado muito baixo pelos médicos - para R$ 253. O governo federal calcula que, nos próximos meses, entre mil e 2 mil pessoas serão hospitalizadas no Rio (em janeiro, foram 300). Segundo o subsecretário de assistência à saúde do ministério, João Gabbardo, serão enviados ao Rio recursos específicos para o custeio das internações. "Os municípios também poderão ter uma ampliação do teto financeiro caso comprovem que necessitam de mais recursos", disse Gabbardo. O valor da internação foi aumentado porque R$ 150 era pouco para pagar o tratamento e também porque alguns hospitais registraram casos de dengue como sendo de outras doenças para poder receber mais dinheiro da União. "Isso nos trouxe prejuízo financeiro e também provocou um erro no número de notificações, já que não contabilizamos esses casos mais graves que foram camuflados", afirmou. Gabbardo esteve no Rio hoje reunido com representantes da Fundação Nacional de Saúde(Funasa) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para planejar as ações que marcarão o Dia D contra a dengue, no próximo dia 9. O presidente da Funasa, Mauro Ricardo Machado Costa, disse que não serão poupados recursos para o combate à dengue no Rio, estado responsável por 52% dos casos do País - das 53,6 mil notificações registradas no Brasil em janeiro, 27,7 mil ocorreram no Rio. "Há vários fatores que contribuiram para esse quadro, como a falta de um trabalho preventivo e a entrada do vírus do tipo 3", acredita Costa. Nos próximos dias, começa a circular a propaganda de divulgação do dia D. Na TV, um comercial com os atores Stênio Garcia e Lilia Cabral, que tiveram dengue, mostrará os métodos de se prevenir contra o mosquito. Haverá ainda spots de rádio e anúncios nos jornais. Com a campanha, o Ministério da Saúde espera que o número de casos caia drasticamente em um mês. Até agora, o estado registrou 53.605 casos e 23 mortes. Na capital, foram 18 mortes e 22.214 notificações. A guerra contra a dengue ganha ainda o reforço de 1,3 mil homens do Exército e da Marinha, que começarão a trabalhar junto à população na próxima semana. Inicialmente acompanhados de agentes de saúde, eles espalharão larvicida em possíveis focos do mosquito e alertarão dos riscos da doença. Ontem, começaram as aulas teóricas para 130 sargentos, que aprenderam como o vírus é transmitido e foram informados dos procedimentos a serem adotados em áreas residenciais e comerciais. Eles andarão fardados e desarmados. Leitos O superintendente estadual de Saúde, Oscar Berro, anunciou a criação de uma central que concentrará informações sobre leitos disponíveis para internações de doentes com dengue no Rio. O objetivo é informar aos hospitais da rede pública os locais onde há vagas, para que os pacientes sejam transferidos com rapidez. Hoje, existem 140 leitos a serem ocupados. Segundo Oscar Berro, haverá mais 12 até domingo. Ele acredita que não será necessário recorrer a leitos de hospitais particulares, apesar de não ter previsão do número de internações nos próximos meses. Em Niterói, no Grande Rio, município onde foram notificados 3,1 mil casos de dengue este ano, já está sendo utilizada uma técnica importada de Cuba para exterminar as larvas do Aedes. Cinqüenta milhões de neumatóides, vermes que parasitam as larvas e as levam à morte, serão aplicados em pontos de água parada para que o mosquito não se desenvolva. O método ajudou o governo cubano a controlar as últimas epidemias de dengue que o País viveu. "O verme se alimenta do líquido interno da larva do mosquito, só sobrevive dessa forma. Então a larva morre e o verme vai para outra, até extingüir todas as larvas", explicou o diretor do Departamento de Vigilância Sanitária de Niterói, Plínio Leite Neto, acrescentando que os neumatóides não fazem mal ao homem. Dez caixas contendo 10 mil matrizes de vermes cada já foram doadas por Cuba à prefeitura. A intenção é multiplicá-los no Centro de Controle de Zoonoses até se chegar a 50 milhões até o fim de março.

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