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Rio pode viver nova - e terrível - epidemia de dengue

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Rio pode viver uma nova epidemia de dengue, desta vez no interior do Estado. A doença que levou à morte 87 pessoas e fez 250 mil casos no ano passado está se interiorizando e já dá sinais de crescimento em algumas áreas do Estado, como a região de Campos, a Região dos Lagos e o sul fluminense. O risco é apontado por especialistas e admitido pela própria Secretaria Estadual de Saúde, que esta semana realizou uma reunião com secretários municipais de Saúde de várias cidades para discutir medidas de emergência para evitar surtos no interior. "Essa tendência já estava prevista no ano passado. Sabemos que a epidemia de 2002 explodiu na capital e que iria se espalhar, com o tempo, para o interior", alerta Anthony Guimarães, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz. A explicação para a interiorização da epidemia está relacionada com a expansão do vírus tipo 3. No ano passado, ele foi o causador do maior número de casos na cidade, porque conseguiu se espalhar - graças à alta infestação do mosquito Aedes aegypti - e infectar pessoas que estavam suscetíveis a essa nova forma da doença. Por ser mais agressivo que os outros dois tipos já presentes no Brasil, o vírus 3 provocou casos mais graves e o registro de muitas formas hemorrágicas. Quase a totalidade dos casos (mais de 80%) foram registrados na cidade. "Agora deu tempo para o vírus se locomover e começar a agir no interior", afirma Guimarães. O primeiro indício de que isso ocorre pode ser detectado em Campos, norte do Estado. Desde novembro, já foram confirmados 17 casos, quatro deles hemorrágicos. Todos causados pelo vírus tipo 3. O número é bem menor do que o registrado no ano passado (2.100 de janeiro a maio), mas os casos do ano passado eram, em sua maioria, de formas dos tipos 1 e 2. O crescimento da forma mais agressiva assusta os técnicos da Secretaria Municipal de Saúde de Campos. Elizabeth Tudesco Tinoco, responsável pelo setor de epidemiologia da secretaria, diz que está preocupada com a possibilidade de uma epidemia em Campos e em toda a região. "Fizemos várias reuniões e sabemos que o risco é real. Nosso trabalho tem sido tentar capacitar os médicos e preparar os hospitais para novos casos", afirma. Os técnicos da Secretaria Estadual de Saúde não quiseram dar entrevistas sobre o assunto nesta sexta-feira. Em uma nota oficial, a secretaria admite a possibilidade de "surtos isolados" no interior do Estado e afirma que já determinou uma série de medidas para conter a doença, como a criação de centros de referências em diferentes pontos do Estado para diagnosticar e tratar a dengue e o incentivo à capacitação de profissionais de saúde. Para o ministro da Saúde, Humberto Costa, a epidemia de dengue deverá ter uma intensidade menor em 2003 em relação ao ano passado. Ele esteve nesta sexta em Salvador na primeira reunião do Programa Nacional de Controle da Dengue com secretários de Saúde de Estados e municípios nordestinos, além de técnicos do setor. Conforme Costa, o conjunto de ações efetivadas a partir de junho do ano passado pelo Ministério da Saúde aliado a condições climáticas favoráveis, devem levar à diminuição da incidência da doença nos próximos meses. Cerca de R$ 1 bilhão foram gastos no combate à dengue no Brasil em 2002 e deste total R$ 82 milhões vieram para a Bahia. Este ano, a previsão é de que os recursos sejam maiores, pois o governo quer intensificar a campanha publicitária e adquirir um número maior de equipamentos, como tampas de caixa d?água e trituradores de pneus.

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