Rigotto: não há elementos para impeachment de Yeda

PUBLICIDADE

Por Sandra Hahn
Atualização:

O ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (PMDB) avaliou hoje que "não há elementos concretos" que ameacem o mandato de sua sucessora, Yeda Crusius (PSDB). Ele argumentou que é muito cedo para apontar responsáveis, pois a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga esquema de fraude no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) não terminou seu trabalho. "Antes de aprofundar esse processo, colocar luz em tudo e definir responsabilidade, é muito cedo para dizer que este ou aquele é culpado", declarou. "A CPI tem que ter tranqüilidade e todo o apoio para concluir a investigação", defendeu. Yeda enfrenta sua pior crise política desde que foi divulgada, na sexta-feira, gravação em que o ex-chefe da Casa Civil Cezar Busatto (PPS) aborda o financiamento de campanhas eleitorais com uso de estatais. PSOL e PV entregaram ontem pedido de impeachment da governadora à Assembléia, sob alegação de improbidade administrativa. Após a divulgação da conversa, gravada pelo vice-governador do Estado, Paulo Afonso Feijó (DEM), Busatto disse que foi impreciso e mal interpretado quando abordou o assunto, defendendo que se referia ao financiamento de partidos por meio de contribuições espontâneas e legais dos cargos comissionados indicados pelas legendas para integrar o governo. Rigotto reiterou que nunca recebeu, durante seu governo, denúncia ou informação de órgãos internos ou externos de controle sobre possível fraude no Detran, que de acordo com a Polícia Federal começou em 2003. O ex-governador considerou que a crise política do Estado preocupa, mas avaliou que a PF tem sido atuante, o Ministério Público está tomando medidas e a CPI tem feito seu trabalho. Para o ex-governador, o Estado conta com instituições fortes e a imprensa tem tradição de fiscalizar os governantes. Ele apontou, no entanto, brechas administrativas que poderiam permitir irregularidades. Uma delas é a possível contratação de fundações sem licitação e, estas, por sua vez, promoverem subcontratação - o que ocorreu no Detran -, dificultando os controles do Estado. Ele lembrou que cortou 2,3 mil cargos comissionados por meio de projeto de lei e deixou de preencher outros. Citou também que Yeda cortou 35% das vagas comissionadas. Para extinguir este tipo de função seria necessária uma reforma da administração, avaliou Rigotto, de forma a valorizar o funcionário e disputar com a iniciativa privada a contratação dos servidores mais qualificados. O ex-governador concedeu entrevista hoje antes de apresentar palestra em reunião-almoço na Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul) sobre a reforma tributária. Ele coordena grupo de trabalho sobre a questão no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.