‘Revoluções cometem erros’, afirma Eike Batista sobre sua prisão na Lava Jato

Doleiros disseram à Lava Jato que Eike pagou US$ 16,5 milhões a Sérgio Cabral

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Por Thiago Faria
Atualização:
O empresário Eike Batista Foto: ELLAN LUSTOSA

BRASÍLIA - Convocado pela CPI do BNDES do Senado para explicar seus negócios com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o empresário Eike Batista, dono do grupo EBX, voltou a defender a Operação Lava Jato, mas atribuiu a um “erro” a sua prisão.

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"Muitas vezes países passam por processos. Acho que isso é excelente. Acho que o trabalho que está sendo feito é excelente, mas revoluções cometem alguns erros”, disse o empresário ao ser questionado sobre o motivo da sua prisão na Lava Jato.

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Eike foi preso em janeiro após dois doleiros dizerem que ele pagou US$ 16,5 milhões a Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, em propina. Ele foi denunciado pelos crimes de corrupção e lavagem. O empresário responde ao processo em liberdade após o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder habeas corpus, em abril deste ano. 

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Respaldado por um decisão do ministro Luís Roberto Barroso, também do STF, que lhe deu o direito de não responder perguntas que pudessem produzir provas contra si próprio, Eike evitou foi evasivo ao abordar questões relacionadas às acusações que responde. O resultado foi uma sessão esvaziada, em tom cordial e com troca de cortesias na maior parte do tempo.

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Investimentos. Como se falasse a investidores, o empresário citou números de empreendimentos lançados pelo grupo EBX, hoje na mão de outros grupos empresariais e negou irregularidades nos repasses recebidos do BNDES, que somaram cerca de R$ 15 bilhões entre 2005 e 2014, segundo ele. 

Logo no início de sua apresentação, exibiu um vídeo de cinco minutos sobre o Porto de Açu, no Rio de Janeiro.  “Esses portos, principalmente o Açu, ele serve a todo o Brasil, serve a todos os empresários”, disse Eike, ao justificar o aporte de mais de R$ 3 bilhões do BNDES no projeto. “Acho que a função do BNDES foi cumprida.”

“Sou brasileiro, sempre fui um soldado do Brasil. Meus recursos sempre foram investidos aqui”, disse ele ao ser questionado sobre aportes do banco no exterior.

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Alerta. Em janeiro deste ano, ao ser preso, Eike deu declarações nas quais indicava saber de irregularidades em concessões de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).“Vocês que estão passando o Brasil a limpo, por favor, essa é uma área crítica”, disse na ocasião.

Segundo ele, a crítica se referia a estratégias que julgou erradas do banco, como investir em estaleiros em diversos locais do País. “Talvez eu devesse vir mais vezes a Brasília. Não sou um rato político. Talvez eu devesse vir aqui (no Congresso), em algumas comissões, e dizer que talvez fosse melhor se fazer uma Embraer dos mares”, afirmou.

O empresário também negou ter sido favorecido pelas gestões petistas. “Me ressinto do fato de a mídia me colocar como filhote de determinados partidos”, disse. “Comecei a me encontrar com o presidente Lula em meados de 2012. Só ali comecei a vir a Brasília, e só porque o grupo não tinha recebido áreas do pré-sal. E nossa relação com a Petrobrás sempre foi catastrófica”, afirmou Eike.

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Ele, no entanto, confirmou ter repassado cerca de R$ 2 milhões ao PT após pedido do então ministro da Fazenda, Guido Mantega, em 2012. A declaração, feita inicialmente ao Ministério Público, motivou pedido de prisão de ex-ministro no ano passado, depois revogada. 

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