PUBLICIDADE

Revista publica denúncias contra indicado para os Transportes

Segundo a IstoÉ, Nascimento é acusado na Justiça Eleitoral "de falsificar documentos fiscais, comprar votos e cometer abuso do poder econômico"

Por Agencia Estado
Atualização:

O senador Alfredo Nascimento (PR-AM), que tem audiência nesta segunda-feira, 26, às 18h30 com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na expectativa da confirmação de seu nome para ocupar novamente o Ministério dos Transportes, é alvo de reportagem da revista IstoÉ desta semana, que destaca o seu envolvimento em três denúncias de corrupção. A revista ressalta que a presença de Nascimento no governo "poderá ser uma enorme dor de cabeça para o presidente (Lula) e um prato cheio para a oposição". Na semana passada, o deputado federal Odílio Balbinotti (PMDB-PR) abriu mão da indicação do seu partido para ocupar o Ministério da Agricultura, depois que constrangimento causado ao presidente Lula pelas informações de que ele estava sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) diante da suspeita de teria forjado documentação para obter empréstimo do Banco do Brasil. Segundo a revista, Nascimento é acusado na Justiça Eleitoral amazonense "de falsificar documentos fiscais, comprar votos e ter cometido o crime de abuso do poder econômico na campanha". A segunda acusação, que a revista atribui a relatos ouvidos por líderes da oposição, deputados teriam sido "sondados para se filiar ao PR, por Alfredo ou seus emissários, em troca de cargos e liberação de verbas administradas pelo Ministério dos Transportes, prática que aponta para a existência de um segundo mensalão". Por fim, a revista acrescenta que a volta de Nascimento traria a "as irregularidades constatadas em uma das mais polêmicas séries de obras do governo Lula, a Operação Tapa-Buracos". Duas das três denúncias contra Nascimento têm origem em processos movidos por adversários de Nascimento na política amazonense. É o caso do ex-governador Gilberto Mestrinho, do PMDB, que o acusa de ter usado um CNPJ falso no início da disputa para contornar o dispositivo da legislação eleitoral que só permite o início campanha quando o candidato tiver um comitê financeiro para receber doações, com CNPJ fornecido pela Receita Federal. Segundo a IstoÉ, Mestrinho afirmou à Justiça que o número que aparecia no material de campanha de Nascimento, o CNPJ 08.134.682/0001-37, não existia. Há ainda um segundo processo movido por Pauderney Avelino, do PFL, sobre uso de material de campanha não declarado. Nascimento defende-se dizendo que ambas são acusações típicas de adversários derrotados, mas a revista informa que há um terceiro processo, movido pelo Ministério Público Eleitora, no qual o ex-ministro é acusado de "captação ilícita de sufrágio", ou seja: compra de votos. Quanto ao aliciamento de parlamentares, a revista informa que " líderes do PFL, do PSDB e do PPS reclamam que deputados de seus partidos têm sido assediados para ingressar no PR a partir de propostas pouco republicanas. "Quem aborda os deputados é o líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR). A conversa, segundo os oito relatos, sempre se inicia com o argumento de que deputado de Estado pobre não pode ser de oposição, porque precisa de recursos federais para as suas regiões ou não se reelege. Aí, oferece-se a possibilidade de indicar cargos e liberar recursos orçamentários nas áreas ligadas ao Ministério dos Transportes. Seis deputados receberam a oferta de ganhar o poder sobre o escritório local do DNIT, órgão encarregado da construção e manutenção das rodovias federais. No Congresso, o expediente ganhou o apelido de "mesadão". Castro nega as acusações, considerando-as levianas. o relato acima, a revista acrescenta uma declaração do presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, que denunciou a existência do mensalão: "Ouvi falar de pagamento de luvas de R$ 400 mil e mesada de R$ 50 mil. Tomara que o presidente ponha um ponto final nisso." "Com ou sem mensalão, é certo que o PR tem ganhado corpo. Saiu das urnas com 23 deputados eleitos e hoje contabiliza 38", comenta a revista que também relaciona problemas constatados pelo TCU na Operação Tapa-Buracos lançada por Nascimento quando estava à frente do Ministério dos Transportes. " Em 13 processos já concluídos, obtidos por ISTOÉ com exclusividade, há casos assombrosos. No Amazonas, os auditores do TCU procuraram em quatro diferentes endereços e não conseguiram sequer encontrar a empresa contratada - a BemBrasil Construtora Ltda. - para duas obras na BR-174. Em um dos trechos, somou-se um segundo rolo: a estrada estava em boas condições, não precisava de obra tapa-buraco. Mas o dinheiro foi pago", exemplifica. Ouvido pelo GloboOnline, que noticia as denúncias de IstoÉ, o líder do PR na Câmara, Luciano Castro, saiu em defesa de Nascimento e de sua indicação para o Ministério dos Transportes: "Acho que o presidente tem confiança total no ministro Alfredo Nascimento, conhece seu trabalho e sua honestidade. O partido nem pensa nessa hipótese (de Lula mudar de idéia) . Ele (Nascimento) passou dois anos no Ministério dos Transportes. Se ele tivesse cometido alguma irregularidade, isso teria estourado na campanha de Lula."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.