CPI cancela sessão e abre espaço para Conselho de Ética analisar caso de Cunha

Comissão que discute maus tratos animais cancelou sessão que seria realizada nesta manhã e ameaçava prejudicar os trabalhos do Conselho de Ética

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Por Daiene Cardoso e Daniel de Carvalho
Atualização:
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, durante sessão no plenário do Casa Foto: Andressa Anholete|Estadão

Brasília - A CPI de Maus Tratos de Animais cancelou a sessão que realizaria na manhã desta quinta-feira, 19, no mesmo horário e local da reunião do Conselho de Ética. Com isso, o plenário 9 da Câmara fica livre para a votação do parecer preliminar pelo seguimento do processo de cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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O presidente da CPI é o deputado Ricardo Izar (PSD-SP), ex-presidente do conselho e atual suplente do colegiado. A decisão foi tomada no final da noite desta quarta. Até às 21h, as duas reuniões coincidiam.

Até então, a reunião do Conselho de Ética marcada às 9h30 com o objetivo de apreciar o relatório prévio a favor da admissibilidade do processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), corria o risco de não acontecer. O presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), havia sido comunicado que dos 14 plenários destinados às comissões, nenhum estaria disponível para a sessão do Conselho. 

Araújo explicou que o agendamento do espaço foi acertado há 15 dias. Na noite de quarta, ele foi informado que o local reservado para o Conselho havia sido reservado pela CPI dos Maus Tratos contra Animais. O parlamentar tinha estranhado que, em plena quinta-feira, quando tradicionalmente há um esvaziamento da Casa, não há nenhuma sala para a realização da sessão. “Em 16 anos de Câmara, nunca vi isso numa quinta-feira”, comentou.

O deputado disse não acreditar que o peemedebista tenha manobrado para que a sessão não ocorra, uma vez que a reunião será apenas para apresentar o relatório prévio e já é dado como certo o pedido de vista, jogando a votação do parecer para a próxima terça-feira (24). “As evidências são claras. Quero saber o que está acontecendo”, insinuou Araújo.

O deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), presidente do Conselho de Ética Foto: Divulgação

Pressão. Mesmo com a sessão liberada para esta manhã, aumenta a pressão sobre os conselheiros para que Cunha ganhe sobrevida na Casa. Membros titulares do colegiado estão sendo sondados sobre como pretendem votar no processo. Um dos procurados foi o petista Zé Geraldo (PA), que garantiu que abordagem não teve um tom “indecente”. “Vão usar todas as armas que têm para pressionar”, prevê o deputado. 

Segundo Zé Geraldo, o PT não fechou questão sobre o caso, ou seja, a tendência é que os três petistas titulares votem pelo prosseguimento da ação contra o peemedebista. O próprio deputado disse que acompanhará a recomendação do relator.

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Fausto Pinato protocolou o parecer prévio na última segunda-feira e voltou para o interior de São Paulo. O parlamentar de primeiro mandato seguiu orientação do presidente do Conselho para ficar longe da Câmara e evitar assim o contato com aliados de Cunha e adversários do peemedebista. “A pressão está muito grande, dos dois lados”, relatou um parlamentar próximo de Pinato.

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