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Réu da Lava Jato aponta ex-deputado Pedro Corrêa no esquema

Funcionário de doleiro dono do Posto da Torre diz que ex-presidente do PP frequentava "caixa eletrônico da propina" em Brasília

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Por Ricardo Brandt
Atualização:

CURITIBA - Um laranja do doleiro Carlos Habib Charter – dono do Posto da Torre, em Brasília – admitiu em depoimento à Justiça Federal que o ex-deputado federal e ex-presidente do PP Pedro Corrêa – réu do mensalão preso em regime semi-aberto - foi “algumas vezes” ao escritório onde funcionava uma verdadeira lavanderia de caixa 2, onde políticos retiravam dinheiro vivo da propina alvo da Operação Lava Jato. 

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Apesar de não conhecer pessoalmente, disse saber da relação do ex-deputado federal José Janene (PP-PR) – morto em 2010 –, seu ex-assessor João Claudio Genu e o doleiro Alberto Youssef com os negócios ilícitos no Posto da Torre. Os envolvidos são acusados por manterem no local um verdadeiro "caixa de saques" de dinheiro vivo da propina para políticos. O próprio delator da Lava Jato, Alberto Youssef, confirmou em depoimento que usou o esquema para mandar dinheiro para políticos em Brasília, em especial do PP.

“Esse (Pedro Corrêa) já esteve no posto algumas vezes”, afirmou Ediel Viana, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, em Curitiba (PR). O magistrado quis saber dele o móvito das visitas.

“Em reunião com o senhor Carlos Habib”, explicou o réu da ação penal envolvendo o doleiro e mais três funcionários por atuação no câmbio negro no Posto da Torre. Depois de negar o motivo, Ediel afirmou que “a partir desse momento, que teve algumas reuniões, começou a sair valores em cash”.

Dono de empresas usadas para lavagem de dinheiro pelo doleiro, Ediel explicou aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato que foi Charter que infirmou que usaria sua conta para devolver dinheiro para Youssef. O dinheiro foi depositado em “cash”.

As investigações envolvendo a movimentação financeira de Janene e o doleiro dono do Posto da Torre na época do mensalão deram origem às investigações da Lava Jato que levaram ao esquema montado por Youssef e pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

As descobertas levaram para a cadeia dois ex-diretores da estatal, executivos das maiores construtoras do País e abalou o centro do Poder no País. PT, PMDB, PP e partidos da oposição, PSDB e PSB já foram envolvidos no maior escândalo revelado até agora pela Justiça. A defesa de Corrêa não comentou a afirmação feita pelo acusado na Lava Jato.

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