PUBLICIDADE

'Retrocesso e ameaça à democracia', diz Wagner sobre admissibilidade do impeachment

Ministro-chefe do Gabinete informou em nota que 'caberá ao Senado processar e julgar a presidente Dilma', mas que o governo 'confia' nos senadores

Por Tania Monteiro e Isadora Peron
Atualização:

BRASÍLIA - Imediatamente após o voto que aprovou na Câmara dos deputados a admissibilidade (prosseguimento) do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ministro-chefe do Gabinete Jaques Wagner distribuiu uma nota afirmando que esta decisão foi um "retrocesso" e "ameaça interromper 30 anos de democracia no País". 

No texto, o ministro acrescenta ainda que "caberá ao Senado processar e julgar a presidente Dilma" e que o governo "confia" nos senadores. O ministro declarou ainda que Dilma "continua no cargo até o final do julgamento". Para o ministro, "foi uma página triste virada pelos deputados que concordaram com argumentos frágeis e sem sustentação jurídica do relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO)".

O ministro-chefe do Gabinete da Presidência da República, Jaques Wagner Foto: André Dusek|Estadão

PUBLICIDADE

A rápida reação do ministro, que esteve ao lado da presidente Dilma durante todo o dia, no Palácio da Alvorada, afirmou ainda que se espera que a presidente tenha melhor direito de defesa no Senado. O objetivo foi dar uma resposta imediata ao que o governo estava chamando de golpe. "Esperamos que seja dada maior possibilidade para que ela apresente sua defesa, e que lhe seja aplicada justiça", prosseguiu. "Acreditamos que o Senado, que representa a federação, possa observar com mais nitidez as acusações contra a presidenta, uma vez que atingem também alguns governadores de Estado", acrescentou.

Ao falar do erro que considerou a abertura do processo de impeachment, Jaques Wagner enfático: "foi um retrocesso a instauração de processo de impeachment contra a Presidente da República, Dilma Rousseff, eleita por 54 milhões de votos e sem nenhum processo e crime de responsabilidade. De modo que a decisão da Câmara dos Deputados ameaça interromper 30 anos de democracia no país". E emendou: "digo que é um retrocesso porque se trata de um impeachment orquestrado por uma oposição que não aceitou a derrota nas últimas eleições, e não deixou a presidenta governar, boicotando suas iniciativas e a retomada do desenvolvimento do país".

O ministro Wagner encerrou sua nota dizendo que os deputados, ao aprovarem o seguimento do impeachment, "fecharam os olhos às melhorias dos últimos 12 anos, aos avanços, à inclusão social, índices históricos de crescimento econômico e à redução da pobreza".

O ministro chefe da Advocacia Geral da União, José Eduardo Cardozo, dará entrevista em nome do governo ainda neste domingo, no Palácio do Planalto. Cardozo também passou o dia no Alvorada com Dilma.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.