PUBLICIDADE

Retaliação comercial do Brasil preocupa empresários dos EUA

Camex aprova elevação da tarifa para a importação de 222 produtos em retaliação ao subsídio americano algodão.

PUBLICIDADE

Por Alessandra Corrêa
Atualização:

A Associação Nacional de Manufatureiros dos Estados Unidos, maior associação da indústria americana, reagiu com preocupação à notícia da retaliação comercial contra o país no valor de US$ 560 milhões aprovada pelo Brasil nesta terça-feira. "Em um setor com tantas multinacionais, a retaliação certamente terá um impacto mais amplo, não somente nos dois países", disse à BBC Brasil o diretor de Política de Comércio Internacional da entidade, Doug Goudie. Nesta terça-feira, o Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Brasil aprovou uma lista prévia com 222 produtos americanos, no valor de US$ 2,7 bilhões, que poderão ter aumento do Imposto de Importação. A medida brasileira é uma retaliação comercial aos subsídios pagos pelos Estados Unidos aos produtores de algodão. No ano passado, depois de sete anos de disputa, o Brasil foi autorizado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) a levar adiante a retaliação. Coalizão Segundo Goudie, a associação está acompanhando a questão em conjunto com entidades como a Câmara de Comércio Americana e o Brazil US Business Council. "Estamos trabalhando juntos, criando uma coalizão, reunindo as empresas e associações que deverão ser afetadas, que representam a vasta maioria dos manufatureiros nos Estados Unidos", afirmou. A lista final de produtos afetados será divulgada somente em 1º de março. Segundo a Camex, serão feitos ajustes técnicos para adequar a lista ao valor aproximado de US$ 560 milhões. O diretor da associação americana disse que desde o final do ano passado, quando foi divulgada uma primeira lista prévia, o setor já vinha se mobilizando. "Orientamos as empresas a entrarem em contato com seus clientes no Brasil e expressar a preocupação", disse Goudie. Uma das orientações era a de lembrar que a retaliação a determinados produtos poderia custar empregos no Brasil, já que os importadores podem ter problemas em encontrar outros fornecedores ou em manter preços competitivos - podendo, eventualmente, ter de fechar as portas e cortar vagas. Propriedade intelectual Goudie disse ainda que os manufatureiros estão sofrendo por uma retaliação provocada, na verdade, por outro setor (o agrícola). Segundo o diretor, a principal preocupação dos manufatureiros americanos é a possibilidade de retaliação cruzada, ou seja, de o governo brasileiro usar seu direito de retaliação não apenas em produtos, mas também nas áreas de serviço e propriedade intelectual. O governo brasileiro já afirmou que avalia essa possibilidade. "A propriedade intelectual está no coração do setor manufatureiro americano", disse Goudie. "Estamos muito preocupados com o impacto que isso teria, não apenas nas nossas relações com o Brasil, mas em como abordar esse tipo de sistema, na ideia de propriedade intelectual como um todo", afirmou. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.