Resolução do PT pró-Constituinte preocupa oposição

Por AE
Atualização:

Em nova tentativa de pôr um ponto final nos rumores de que pretende mudar a Constituição para espichar o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT embutiu o fim da reeleição no pacote que prevê a convocação de uma Assembléia Constituinte exclusiva para preparar a reforma política. A proposta recebeu sinal verde do 3.º Congresso do PT, há uma semana, mas já causa desconfiança na oposição. Motivo: tucanos e integrantes do DEM avaliam que o objetivo dos petistas é, no mínimo, deixar o caminho livre para Lula voltar, em 2014. Apesar das reiteradas declarações do presidente de que não disputará o terceiro mandato ?nem se o povo pedir?, os adversários insistem em bater na mesma tecla. Dois anos e três meses depois da crise do mensalão, argumentam que não entendem ?tanto empenho? na defesa da Constituinte e, embora a resolução aprovada pelos petistas mande a reeleição para a estratosfera, o nervosismo político persiste. Para Lula, os desafetos agem com ?má-fé? e ?oportunismo?. De qualquer forma, o estoque de dúvidas não diminuiu após o megaencontro do PT. Ninguém sabe, por exemplo, a partir de quando as novas regras valeriam. Além disso, outras decisões tomadas pelo PT na área de comunicações - questionando o modelo de concessão das emissoras de TV e solicitando ?gestões? para rever o atual sistema - despertaram suspeitas de flerte com o chavismo. ?Eu desconfio que essa resolução do PT esconda uma forma marota de sugerir a discussão do terceiro mandato?, insistiu o senador José Agripino (RN), líder do DEM. ?Meu Deus do céu, parece paranóia!?, devolveu o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). Irônico, ele aconselhou os rivais a procurar o divã. ?Eles gostariam que propuséssemos uma coisa que não vamos propor e talvez encontrem explicações na psicanálise.? Parlamentares do PSDB e do DEM ficaram ainda mais irritados quando souberam que o documento petista sugere a ?proibição de mais de dois mandatos consecutivos? para senadores, deputados federais, estaduais e vereadores. Rotulada pela oposição como ?estupidez?, a proposta não é consenso nem mesmo na base aliada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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