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Requião acusa Bernardo de propor obra acima do valor

Por Evandro Fadel
Atualização:

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), disse nesta terça-feira, 23, no programa Escola de Governo, transmitida pela Rádio e Televisão Educativa, que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, teria pedido a aprovação dele a uma proposta acima do valor para a América Latina Logística (ALL) construir um ramal ferroviário entre os municípios de Ipiranga e Guarapuava. "O Requião faltou completamente com a verdade", reagiu o ministro. Ele pediu que seu advogado estude possível ação judicial contra o governador. A irritação de Requião com Bernardo decorre de uma entrevista concedida pelo ministro ao jornal Gazeta do Povo, no início do mês, em que ele disse que o Paraná recebe poucos recursos por falta de empenho do governo estadual. Depois disso, eles trocaram farpas por meio da rede social twitter. O governador disse que foi procurado pelo ministro e pelo então assessor da Casa Civil e hoje diretor-geral da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), Bernardo Figueiredo, em um domingo. "E me fez a seguinte proposta: governador, nós queremos liberar para a construção do trecho Ipiranga-Guarapuava uma verba de R$ 550 milhões para a ALL", relatou. Requião teria perguntado o que tinha a ver com aquilo. "O senhor tem que concordar senão nós não liberamos", teria dito o ministro.

De acordo com Requião, a proposta era que a ALL pagasse com compensação da dívida que tem com a União decorrente da concessão do sistema ferroviário, o que ele classificou como "engenharia financeira". "Então, ministro, anote aí, eu não concordo, se isso for feito denuncio imediatamente, e o motivo mais simples e elementar do meu protesto é o seguinte: esse trecho custa R$ 150 milhões e não R$ 550 milhões", teria dito o governador. Após terminar o relato, o governador mandou um recado a Paulo Bernardo, devido às declarações de que o governo estadual não brigaria por recursos: "Não brigo, não troco, não trafico." O ministro confirmou que teve a reunião em 2005, a mando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após receber proposta da ALL para uma parceria público privada. "Seria feito com dinheiro da ALL, que depois pagaria compensando os pagamentos por conta da concessão", disse. Segundo Bernardo, Requião teria dito, "naquele jeito dele", que a estimativa de R$ 550 milhões estava muito alta. "Ele ligou para o Tissot (Rogério Tissot, diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem) que disse que o valor era R$ 500 milhões. O Requião disse que não estava falando da proposta deles (governo federal), estamos falando da nossa. E o Tissot repetiu que eram R$ 500 milhões", relatou o ministro. "Os R$ 150 milhões é delírio."Segundo ele, o argumento colocado pelo governo do Paraná e pelo Instituto de Engenharia era de que o traçado deveria ser mudado, ficando mais ao sul. O governo federal acatou essa ponderação e suspendeu a conversa com a ALL. "Eram duas alternativas técnicas com preços estimados semelhantes, a diferença é que um seria feito com dinheiro privado da parceira e o outro eles queriam dinheiro do orçamento", afirmou o ministro. "E estamos discutindo isso até hoje, não se resolveu nada, mas a estimativa agora é de R$ 750 milhões."

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