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Reportagem mostra pressão da indústria do cigarro sobre farmacêuticas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Companhias farmacêuticas baixaram o tom das campanhas publicitárias de seus produtos para deixar de fumar devido à pressão exercida pela indústria do tabaco, segundo uma reportagem publicada pela revista médica americana Journal of the American Medical Association. A investigação foi feita com base em documentos colocados em um site da indústria do tabaco, que oferece acesso ao público a materiais relacionados ao acordo nacional sobre o tabaco, alcançado em 1998. Tal caso pôs um ponto final às ações promovidas pelos Estados contra a indústria. Os documentos mostram o esforço empreendido pela indústria do tabaco nas décadas de 80 e 90 com o objetivo de influenciar as campanhas das farmacêuticas para promoverem dois produtos à base de nicotina, desenvolvidos para ajudar as pessoas a deixar de fumar: a goma de mascar e o adesivo. No número de hoje do Journal, Lisa Bero e Bhavna Shamasunder, pesquisadoras de políticas de saúde da Universidade da Califórnia, dizem que seu trabalho conjunto destaca os temores sobre as transgressões éticas que estariam sendo cometidas nas relações entre a indústria do tabaco e as empresas farmacêuticas. Em um caso, as pesquisadoras contam que a subsidiária da Dow Chemical, que fabrica o chiclete Nicorette, moderou o texto de materiais educativos utilizados para aconselhar os médicos a exortar seus pacientes a deixar o cigarro. Este caso ocorreu no início dos anos 80, depois que executivos da Philip Morris, um importante comprador dos produtos químicos da Dow , se opuseram ao tom antifumo dos materiais de divulgação. Em 1984, a Philip Morris deixou de comprar os produtos químicos fabricados pela Dow para os cultivos de tabaco, afirmam as pesquisadoras, citando um memorando da Philip Morris de maio daquele ano. "A Dow foi informada de que o recente aumento em suas ações apenas pode ser interpretado como uma decisão corporativa consciente de que o Nicorette é mais importante que os negócios com a Philip Morris. Isto é, eles não podem esperar que um cliente gaste milhões de dólares em produtos, quando o dinheiro arrecadado com a venda... é utilizado para atacar o produto deste cliente", diz o memorando. Outro documento da Philip Morris detalha como a empresa voltou a comprar os produtos da Dow depois que esta última modificou suas práticas. Mais tarde, a Dow Chemical vendeu sua divisão farmacêutica e agora a GlaxoSmithKline é a fabricante do Nicorette. Malesia Dunn, porta-voz desta última empresa, disse que sua companhia não vem sendo pressionada pela indústria do fumo.

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