Repasse do PAC dificulta votação da CPMF, diz Casagrande

"É preciso acabar com lambança de transferir dinheiro em véspera de eleições para ganhar votos", diz Guerra

Por Cida Fontes
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O senador Renato Casagrande (PSB-ES) admitiu nesta quarta-feira que, se o presidente Luiz Inácio da Silva não vetar a parte da medida provisória (MP) que permite o repasse de recursos de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a Estados e Municípios inadimplentes com a União e durante o período pré-eleitoral, será "muito difícil" desobstruir a pauta do Senado e abrir caminho para a votação em primeiro turno da emenda constitucional que prorroga a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Veja também: Entenda como é a cobrança da CPMF  Veja quem votou a favor e contra a CPMF na CCJ Após Mozarildo, Simon vira novo 'alvo' e sai da CCJ Governo e aliados fecham acordo para aprovar a CPMF na CCJ Com acordo, líder prevê votação da CPMF em dezembro "É preciso acabar com a lambança de transferir dinheiro público em véspera de eleições para ganhar votos", reagiu o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). "É preciso retomar o texto aprovado no Senado", disse Casagrande, referindo-se ao acordo fechado entre senadores da base do governo e da oposição em torno da MP, mas que foi derrubado pela Câmara. O PSDB anunciou a decisão de obstruir a pauta do Senado, trancada por três MPs, e o DEM (ex-PFL) pode acompanhar essa posição. O PSB não vai seguir a estratégia da oposição, informou Casagrande. Os entendimentos com o presidente Lula em favor de vetos parciais à MP - aprovada ontem (13) na Câmara estão sendo conduzidos pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Além desse problema, o governo poderá enfrentar outras dificuldades no caminho da votação da prorrogação da CPMF. Uma delas é a votação do terceiro processo contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) que está sendo discutido hoje no Conselho de Ética. Romero Jucá prega calma, mas a preocupação com a votação do processo contra Calheiros no plenário do Senado é evidente, pois poderá desestabilizar a base aliada. "Qualquer interferência vira um elemento de conturbação", disse Jucá. Ele pede bom senso e análise precisa das repercussões em torno do relatório do senador Jefferson Peres (PDT-AM), que, no Conselho de Ética, pede a cassação do mandato de Calheiros. A expectativa de Jucá é a de votar, no Senado, a emenda da CPMF em primeiro turno no período de 5 a 7 de dezembro e o segundo turno de 16 a 18.

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