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Renúncia coletiva paira sobre Anac

Por NATUZA NERY
Atualização:

Um dos diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Leur Lomanto, quis apresentar sua demissão ao cargo nesta sexta-feira, mas foi convencido por um ministro a não fazê-lo agora. O colegiado de diretores da Anac ensaia uma renúncia coletiva, relataram fontes. A assessoria de imprensa da agência nega o movimento. Essas articulações aconteciam em Brasília enquanto o ministro da Defesa, Nelson Jobim, recém-empossado, tinha agenda cheia em São Paulo. Ele visitou o Aeroporto de Congonhas, o local do acidente com o vôo 3054 da TAM, o Instituto Médico Legal, onde são identificados os corpos das cerca de 200 vítimas, e teve reunião com o governador paulista, José Serra. Empossado na quarta-feira, em substituição a Waldir Pires, o novo ministro prometeu avaliações sobre o setor aéreo, mergulhado em crise há dez meses, antes de anunciar decisões sobre demissões na Infraero e alternativas para a Anac. Os diretores da agência não podem ser demitidos pelo presidente da República ou pelo ministro. A assessoria de imprensa da Anac descartou no final da tarde que haja "um movimento de renúncia coletiva, e os diretores sequer cogitaram essa hipótese, nem individual nem coletivamente". A expectativa é de que Jobim discuta a situação da Anac com o diretor-presidente do órgão regulador, Milton Zuanazzi, na segunda-feira. A Anac tem sido alvo de duras críticas no Congresso e entre membros do Poder Executivo pela gestão da malha aérea no país e condições de segurança de vôo. Segundo uma alta fonte do Planalto, nem o presidente Lula nem o ministro Jobim pressionaram pela renúncia de Zuanazzi, principal alvo de ataques em meio à crise. Duas fontes ouvidas pela Reuters informaram que os cinco diretores da Anac poderiam apresentar renúncia coletiva na reunião semanal de terça-feira. Elas relataram que um foco de resistência a essa articulação seria a diretora Denise Abreu. De acordo com uma fonte da Anac e segundo uma pessoa ligada ao diretor Lomanto, ele foi convencido pelo ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, a adiar a decisão de renunciar. A assessoria de imprensa do ministro não foi localizada para comentar a informação. No Rio de Janeiro, uma fonte com acesso aos bastidores da Anac afirmou que o clima na agência está muito ruim. "A renúncia coletiva já foi discutida entre eles, mas publicamente eles negam até a morte", disse.

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