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Renúncia coletiva de ministros não é novidade

Por Agencia Estado
Atualização:

Não é novidade a idéia da renúncia coletiva dos ministros políticos em dezembro, a pouco mais de três meses do prazo fatal da desincompatibilização dos candidatos às eleições gerais de 2002. A proposta foi aplicada no governo Itamar Franco. Saíram todos, exceto os dois que, curiosamente, eram apontados como os mais fortes candidatos à sucessão de Itamar: os ministro da Previdência Social, Antonio Brito (PMDB), e o titular da idéia e da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. É por estas e outras que os mais experientes cardeais da aliança governista não crêem que a renúncia coletiva atinja o ministro da Fazenda, Pedro Malan, no fim do ano, seja ele apenas um eleitor sem filiação partidária, um candidato a governador do Rio de Janeiro ou a presidente da República. ?Não acredito nisto, porque não tem lógica mexer tão cedo na política econômica, se a eleição só será realizada dez meses depois?, afirma um importante interlocutor presidencial. Embora o presidente já tenha exposto a vários ministros sua tese de montar um ministério mais técnico no último ano de governo, excluindo os candidatos, muitos avaliam que o chefe não terá como cumprir a promessa. ?Ele diz isto agora só para empurrar o debate inconveniente das candidaturas para o fim do ano?, opina um dos ministros avisados. Com ou sem renúncia coletiva, o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, que defende a tese de dar liberdade ao presidente no último ano de governo, é apontado como o único que pode acabar abrindo mão do cargo antes da hora. Fernando Henrique já advertiu líderes e ministros tucanos que não quer o futuro presidente do PSDB no ministério. Assim, se Pimenta quiser presidir o partido, terá que desocupar a cadeira de ministro no mês que vem. ?Se o Pimenta deixar o ministério, será unanimidade no partido?, diz o líder tucano na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), ao destacar que a acumulação dos dois cargos é inconveniente para o PSDB. ?Tenho a tranqüilidade de dizer isto, pela relação ótima que temos e por já ter dito isto a ele pessoalmente?, salienta. A candidatura do ministro, que ganhou força na reunião dos governadores e dirigentes do PSDB em Belém, na semana passada, enfrenta algumas resistências dos tucanos da Câmara e Senado. Argumentam estes parlamentares que, em alguns episódios, como a eleição de Aécio Neves (PSDB-MG) presidente da Câmara, Pimenta teria operado na contramão da bancada. Entre os que fazem reparos ao ministro, e até entre muitos de seus eleitores, o nome que melhor transita é o do líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP). Mas como o presidente não quer abrir mão daquele que considera seu melhor líder no Congresso, ganham força para a presidência do partido dois outros deputados: Alberto Goldman (SP) e o secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo, José Aníbal.

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