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Renda imobiliza Brasil no ranking do IDH

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Por Agencia Estado
Atualização:

A redução da renda per capita em 1999 prejudicou a classificação do Brasil no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2001, em que o País aparece na 69ª posição entre 162 países. Quem afirma é o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Martins, destacando que o ranking divulgado oficialmente nesta terça-feira, em Brasília, e distribuído na quinta-feira pela AE, considera dados de 1999. "Foi o pior ano do real em termos de renda", disse Martins. Feito para medir a qualidade de vida da população, o IDH leva em conta taxas de alfabetização, matrícula, longevidade e renda. Apesar de registrar avanços na educação e na saúde, o Brasil manteve o mesmo indicador de renda - ainda que o Produto Interno Bruto per capita tenha até sofrido ligeira queda. O País continua a disputar a liderança mundial em concentração de renda, em níveis semelhantes aos da África do Sul do pós-apartheid, de Honduras e da Bolívia. O representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Brasil, Walter Franco, enfatizou que o País continua sendo o mais desigual entre as nações mais populosas. Não por acaso, a proporção de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza, ou seja, com menos de um dólar por dia, subiu de 5,1% para 9% entre 1998 e 1999. O relatório preparado pelo Pnud revelou que mais de um quinto (22%) da população sobrevivia com menos de dois dólares por dia. Martins adiantou que o Ipea vai divulgar, nos próximos dias, indicadores de pobreza relativos a 2000 que mostram uma reversão do quadro. "A pobreza volta a cair em 2000. Vai ser o melhor ano do real", declarou, lembrando que a metodologia do instituto considera pobre a população com renda mensal per capita inferior a R$ 115,00. Segundo o presidente do Ipea, a criação do real em 1994 é um divisor de águas em termos de pobreza no Brasil: antes, as taxas oscilavam entre 42% e 45%; depois, entre 32% e 34%. Do começo ao fim da década, isso significou menos 10 milhões de pobres. Martins admitiu, porém, que o motor disso foi o crescimento econômico e as políticas sociais, mas não a distribuição de renda. Segundo ele, o combate à concentração econômica passa pela educação, a reforma agrária e o acesso ao microcrédito. O resto são medidas emergenciais que atacam os efeitos e não as causas. Em 1999, na estréia do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, o País desvalorizou a moeda e restringiu investimentos por causa do ajuste fiscal, como forma de enfrentar os reflexos da crise econômica no sudeste asiático e na Rússia. Mesmo assim, o IDH subiu de 0,746 para 0,750, mantendo o Brasil na faixa dos países de desenvolvimento humano médio. O ranking é liderado pela Noruega, com os Estados Unidos em sexto lugar. Os indicadores sociais brasileiros foram os responsáveis pelo avanço. No caso da expectativa de vida, o aumento foi de 67,3 para 67,5 anos; na taxa de alfabetização da população acima de 15 anos, de 84,5% para 84,9%; na taxa global de matrícula da educação básica e superior, de 78,3% para 80%. Mas o freio no crescimento econômico manteve inalterada a posição brasileira no ranking dos 162 países. "O País melhorou, mas os outros melhoraram tanto quanto o Brasil ou mais", explicou o assessor do Pnud para o Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Libânio. Em 2000, o Brasil ocupava a 74ª posição, mas o ranking listava 174 países. Este ano, por causa de inconsistências estatíticas, 12 foram retirados da classificação do IDH.

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