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Renda aumenta, mas desigualdade persiste

Por Agencia Estado
Atualização:

Os indicadores de renda avaliados pelo IBGE revelam uma melhoria nos salários que, no entanto, não consegue reduzir a desigualdade. Os números mostram que o rendimento médio mensal (atualizado para valores de hoje) da população economicamente ativa (10 anos ou mais de idade, que está no mercado de trabalho) subiu de R$ 333, em 1992, para R$ 449, em 1999 - um aumento de 35%. O índice de Gini, que mede a distribuição de renda, porém, manteve-se praticamente inalterado, passando de 0,571 para 0,567. A medição vai de zero (perfeita igualdade) até 1 (desigualdade máxima). O Amapá teve o menor índice de Gini, com 0,483. A maior desigualdade foi registrada na Paraíba, com 0,644. As diferenças são claras não só entre ricos e pobres, mas também entre homens e mulheres e brancos e negros. A renda média mensal dos homens em 1999 foi de R$ 534, enquanto das mulheres foi de R$ 324, ou seja, 39,3% menor. Na comparação por raça, a diferença é ainda maior. A renda média mensal dos brancos era de R$ 670, mais que o dobro do rendimento dos pardos (R$ 329) e dos negros (R$ 314). "A desigualdade se repete em todos os Estados", chama atenção a geógrafa Ivete Oliveira Rodrigues, responsável pelos dados sociais do estudo. No Distrito Federal, a Unidade da Federação com maior rendimento do País (R$ 915 mensais), os brancos recebiam em média R$ 1.349 mensais, enquanto os negros ficavam na faixa de R$ 591. Já os homens, incluindo todas as raças, recebiam R$ 1.053, em média, e as mulheres, R$ 735. O Piauí é o Estado com a menor renda, de R$ 168 mensais. Enquanto os brancos recebiam, em 1999, R$ 407, os negros ficavam com R$ 141 mensais. Lá, também na divisão por sexo as diferenças são grandes. Os homens (brancos, negros e pardos) tiveram renda média mensal de R$ 206 e as mulheres piauienses registraram o menor rendimento do País: apenas R$ 119 mensais. A evolução do rendimento, ano a ano, revela que os salários foram mais altos no meio da década. Em 1996, a renda média da população economicamente ativa chegou a R$ 496 mensais. Era o efeito do Plano Real, com a redução drástica da inflação. "O efeito do Plano Real não se sustentou", comenta o responsável pelos indicadores econômicos da pesquisa, Flávio Pinto Bolliger. O aumento do emprego informal, onde os salários são menores e mais incertos, é um dos fatores que levaram à diminuição na renda no fim da década. Entre 1998 e 1999, houve uma redução de R$ 486 para R$ 449 mensais no rendimento médio da população. O documento a ser levado pelo governo brasileiro aos outros países participantes da Rio + 10 revelam ainda um ligeiro aumento da taxa de desemprego no período de 1992 até 2001. O índice, medido nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, passou de 5,7% para 6,2%. As menores taxas foram registradas entre 1993 e 1996 (de 5,1% e 5,2%). Chegaram a 7,7% em 1998 e, a partir do ano seguinte, começaram a cair. A inclusão do desemprego nos itens apurados para os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável é justificada pelos técnicos do IBGE: "É pertinente utilizá-la como indicador de sustentabilidade, na medida em que o estudo da variação ao longo do tempo possibilita o acompanhamento de tendências e das variações sazonais do emprego e subsidia a formulação de estratégias e políticas de geração de emprego e renda."

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