Renan volta à tribuna e ataca editora Abril

Por Ana Paula Scinocca
Atualização:

Pela segunda vez na semana, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deixou sua cadeira e discursou da tribuna para se defender das acusações de quebra de decoro parlamentar e para fazer novamente acusações à Editora Abril, proprietária da revista "Veja", que tem publicado reportagens atribuindo-lhe prática de supostas irregularidades. O senador acusou a editora de "tentativa de fraude" na transação de venda da TVA para o grupo espanhol Telefônica e anunciou ter encaminhado ao Conselho de Ética do Senado - onde corre processo contra ele - documento em que a Schincariol nega reportagem da "Veja" segundo a qual ele teria interferido em favor da cervejaria, que teria dívidas com a Receita Federal e com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo Calheiros, a venda da TVA é um "negócio escuso e pantanoso, que está sendo tocado pela Editora Abril." Ele acusou a editora de "desrespeito ao mercado e tentativa de rasgar definitivamente a legislação brasileira." No discurso, Calheiros anunciou que, depois de ter enviado ao Ministério Público Federal (MPF) informações sobre a transação comercial, encaminhou hoje ofícios no mesmo sentido à Policia Federal, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ao Ministério das Comunicações, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao governo e Parlamento espanhóis. "A editora, que se autoproclama defensora dos interesses nacionais, vive de enxovalhar pessoas sem provas e é quem está fazendo um verdadeiro laranjal", afirmou Calheiros, numa referência à acusação de utilização de "laranjas" na compra de emissoras de rádio em Alagoas. O senador, que tem acusado a Abril de pretender passar todo o controle da TVA para um grupo internacional, acrescentou: "Só agora entendo os motivos das denúncias inverídicas, as edições antecipadas e o desespero em me desmoralizar, a gana em me linchar." Calheiros informou ainda que requereu formalmente, hoje, a todos os conselheiros da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), os votos relacionados à venda da TVA para o grupo Telefônica. O negócio envolve, segundo Calheiros, R$ 922 milhões. "O Brasil não pode continuar a ser visto como um campo fértil para a ambição desmedida", afirmou. O senador disse que o comunicado que recebeu hoje da Schincariol e encaminhou ao Conselho de Ética desmente o que foi publicado pela revista Veja. "De que eu teria interferido em transação de compra de uma unidade da cervejaria no Nordeste." Ele informou que enviou - e chegará ainda hoje à Polícia Federal - o primeiro lote de cheques emitidos por ele que comprovariam vendas de gado de suas fazendas em Alagoas. Essas vendas, segundo Calheiros, seriam a prova de que ele possui recursos próprios e que, ao contrário do que afirmou a "Veja", os recursos com que pagou despesas pessoais seriam dele e não de um lobista. "Nunca fui dado a roubos. Nem serei algoz de ninguém. Prefiro ser vítima a ser alvo de injustiça."

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