Renan reage e diz que já abriu seu sigilo fiscal

Presidente do Senado afirma que ele mesmo pediu ao procurador que o investigasse, para que pudesse se defender, e ataca revista ''''Veja''''

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Por Rosa Costa
Atualização:

Brasília - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou ontem que a decisão do procurador da República, Antonio Fernando de Souza, de pedir ao Supremo Tribunal Federal uma investigação das denúncias contra ele atende a um pedido que ele próprio fez. "Há 15 dias pedi ao procurador da República que fizesse a investigação, para que eu pudesse demonstrar todas as minhas verdades", disse ele, acrescentando que, numa carta do dia 10 de julho ele se dispôs a abrir seu sigilo bancário, fiscal e telefônico. Também ontem, Renan reagiu às novas denúncias feitas no fim de semana pela revista Veja, garantindo que são "inverdades" as alegações de que seria o dono oculto de duas emissoras de rádio em Alagoas. Ele acusou o Grupo Abril, que edita a revista, de ter feito "uma sociedade secreta" com o ex-deputado João Lyra (PTB-AL) para comprar também um jornal diário em nome de laranjas. Para o presidente do Senado, o Grupo Abril pretende simplesmente usá-lo como "cortina de fumaça" para ocultar a venda de sua emissora de TV a cabo, a TVA, a uma empresa estrangeira, por um R$ 1 bilhão. "O que todo mundo quer saber é por que esta revista fica discutindo coisas menores, quando deixa na obscuridade um negócio de R$1 bilhão", afirmou. Mais tarde, a assessoria do senador distribuiu cópia de uma carta que ele enviou aos demais senadores, na qual se diz vítima de "vilanias". Em nenhum momento Renan rebate a informação de que uma das emissoras alagoanas está em nome de seu primo Tito Uchoa - que na época da compra receberia salário de R$ 1.390 da Delegacia Regional do Trabalho -, e que a outra está em nome de seu filho, Renan Calheiros Filho, prefeito de Murici. Segundo o senador, "é nítido o propósito da revista de manter aceso, artificialmente, o pseudo-escândalo por ela mesmo criado". E, ainda, usá-lo "como cortina de fumaça para que, por suas sombras, acabe por ser celebrada uma nebulosa transação" - uma referência à venda da TVA. "Ninguém ignora o poder dessa gente", acrescenta Renan. E complementa: "Tanto no plano ético como no plano moral, nada devo." Em uma nota a respeito das reações do presidente do Senado, o Grupo Abril afirmou que a "Veja investiga, apura e denuncia tudo o que prejudica o Brasil e pretende continuar fazendo isso".

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