Renan explica decisão de adiar reunião e ironiza oposição

Oposição ameaçava não comparecer a sessões se senador não se explicasse decisão; sem citá-lo nominalmente, Renan provoca líder do DEM, José Agripino

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Por Redação
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O presidente do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deixou nesta quinta-feira, 12, a Casa negando que tenha adiado a reunião da Mesa Diretora para protelar as investigações em curso contra ele. Repetindo o tom de confronto adotado nos últimos dias, Renan fez uma provocação ao líder dos Democratas, José Agripino (RN), sem citá-lo nominalmente. "Alguns setores precisam entender que não se convoca reunião da mesa com 28 votos", afirmou. Agripino disputou em fevereiro a presidência da Casa com Renan e recebeu na ocasião 28 votos. Renan prosseguiu: "Só se convoca eleição da Mesa quem ganha a eleição". Mais cedo, Renan havia informado que convocou a reunião de seus integrantes para o dia 17, e não para esta quinta-feira, para que haja tempo hábil de se notificarem os advogados das duas partes envolvidas no processo contra ele - ou sejam, ele próprio, e o PSOL, partido autor da representação contra o senador por suposta quebra de decoro parlamentar. Agripino dissera no plenário que Renan passa para o País a impressão de que está armando alguma "chicana jurídica" ao adiar a reunião da Mesa Diretora do Senado para terça-feira, véspera do início do recesso do Congresso. Na avaliação de Agripino, Renan estaria tentando atrasar o processo de levantamento de provas e evidências e a realização de perícias, "para que alguma instância jurídica possa impedir aquilo que foi pactuado no plenário, que era de encaminhar a perícia e fazer a reunião da Mesa ainda hoje". Agripino perguntou: "Será que ele (Renan) não compreende que, com essa atitude, na qual não vejo nenhuma conseqüência prática, ele está desautorizando os integrantes da Mesa, que estão aqui dispostos a se reunirem? Será que ele não entende que a sua atitude passa para o País a idéia de que ele está tentando tutelar as investigações?" Documentos atrasados O presidente do Senado disse ainda que a reunião da Mesa diretora foi marcada para terça-feira porque os três documentos enviados pelo Conselho de Ética ao órgão chegaram às 16h32. "Ninguém tem interesse em acabar com isso (com o processo de investigação) mais rápido do que eu. O terceiro documento só chegou às 16h32. Então marquei a reunião da Mesa para o próximo dia que tem sessão, que é terça-feira", justificou Renan. Quando o vice-presidente do Senado, senador Tião Viana (PT-AC), terminou de ler o comunicado de Renan, a justificativa foi contestada pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Ele disse que a justificativa não procede, pois a notificação processual já ocorreu, e, portanto, o PSOL já está informado do pedido de aprofundamento da perícia da PF, e o próprio Renan, também. Torres disse que Renan deveria se declarar impedido de tomar a decisão de convocar a Mesa, por ser parte envolvida, e lembrou que a convocação caberia ao primeiro vice-presidente da Casa, senador Tião Viana (PT-AC). Segundo Torres, para que Viana se sinta mais confortável, o ideal seria que os líderes fizessem a observação de que Renan está impedido de convocar a reunião e entregassem a decisão ao primeiro-vice-presidente. A convocação da reunião foi feita para que os integrantes da Mesa formalizem as perguntas que o Conselho de Ética enviará à Polícia Federal sobre os documentos apresentados por Renan.

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