Renan e Lyra eram sócios em emissoras, confirma testemunha

Relator do 3º caso contra senador ouve testemunhas sobre uso de 'laranjas' para compra de rádios e um jornal

Por Rosa Costa
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Em depoimento ao Conselho de Ética, o contador José Hamilton Barbosa reafirmou, embora sem apresentar provas, que o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o usineiro João Lyra eram os donos de duas emissoras de rádio e de um jornal diário adquiridos em 1999 em nome de "laranjas" (falsos proprietários). Falando ao relator do caso no conselho, senador Jefferson Péres (PDT-AM), Barbosa disse que ocupava o cargo de supervisor contábil dessas empresas. Veja também: Cronologia do caso  Entenda os processos contra Renan  Péres lamentou que o contador nada tenha acrescentado às informações que prestou antes à revista Veja sobre a acusação de participação de Renan na transação. "Ele disse que todo mundo no jornal, na rádio, todos os empregados das empresas sabiam, ou saberiam, que o senador Renan Calheiros era o sócio oculto dos dois veículos de comunicação", informou o relator. "Mas não quis dar nenhum nome de empregados que pudessem depor (no conselho)", acrescentou. José Hamilton Barbosa foi a segunda testemunha ouvida por Péres. Antes, o relator ouviu o juiz da 16ª Vara Criminal de Maceió, Marcelo Tadeu Lemos de Oliveira, a pedido de Renan. Péres disse que o juiz falou sobre o "suposto envolvimento" de João Lyra no assassinato do funcionário da Secretaria da Fazenda de Alagoas Silvio Viana, que investigava denúncia de crimes tributários atribuídos a João Lyra. Ao deixar o gabinete do presidente do conselho, Leomar Quintanilha - onde foi ouvido por Péres -, Marcelo Oliveira disse que consta dos autos do inquérito a acusação de que o usineiro teria participado "como mandante" do assassinato de Viana. "Meu depoimento foi uma oportunidade para relatar aos senadores a gravidade do crime organizado em Alagoas", afirmou o juiz, segundo assessores de Quintanilha. Negaram-se a depor duas outras testemunhas - o primo de Renan, Tito Uchôa, que seria seu testa-de-ferro, e o empresário Nazário Pimentel, que vendeu o jornal. Segundo Péres, Uchoa ficou de mandar "um relatório" sobre a sua participação no negócio. E Pimentel nem respondeu aos contatos do Senado. "A Secretaria do conselho está caçando ele, e ele nem sequer responde aos telefonemas", contou Péres. Para o relator, a suspeita de envolvimento de Lyra num assassinato não invalida sua iniciativa de denunciar a sociedade secreta que manteve com Renan. "Às vezes uma pessoa com péssimos antecedentes, até um criminoso, pode dar um depoimento verídico, verdadeiro, veraz", afirmou. O relator disse ter recebido dos advogados do usineiro a informação de que ele não tem mais nada a falar, mas que, na terça-feira, vai mandar um "memorial" contestando a defesa escrita preparada por Renan. "Os advogados repetiram que ele é um homem idoso, doente e que não tem nada mais a acrescentar ao que já disse", informou.

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