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Renan é envolvido em nova denúncia

Acusado de comandar esquema de propina, senador encontra Jobim

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Por Rosa Costa e Denise Madueño
Atualização:

Envolvido em nova denúncia, dessa vez sobre suposto esquema de recebimento de propina que teria a participação de integrantes do PMDB, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se reuniu ontem com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. O ministro, um dos principais interlocutores políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi à residência de Renan ontem pela manhã. Ele deixou o local no carro dirigido pelo advogado do senador, Eduardo Ferrão. Em entrevista à revista Época, o advogado Bruno de Miranda Lins, ex-marido da assessora parlamentar de Renan e afilhado de casamento do senador, disse que o ex-sogro, o empresário Luiz Carlos Garcia Coelho, operava um esquema de arrecadação de dinheiro para o presidente do Senado em ministérios chefiados pelo PMDB. O advogado contou à revista que ele próprio buscou dinheiro de suposta propina por, pelo menos, seis vezes. Em uma delas, segundo declarou à revista, carregou em uma sacola R$ 3 milhões, que seria do BMG. Com base nessa revelação, o DEM vai analisar se entra com nova representação contra Renan no Conselho de Ética. ''''É mais um capítulo no emaranhado que parece não ter fim, mas que precisa acabar pelo voto'''', afirmou o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia. ''''A situação de Renan passou dos limites'''', disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), anunciou que vai convidar Bruno Miranda a depor no Senado. Vai ainda consultar a Polícia Federal sobre o inquérito e pedir cópia da documentação que está sendo investigada. Ex-diretor da PF, Tuma disse que desconhecia essa nova denúncia. Renan já responde a três processos no Conselho de Ética. Ele é acusado de ter despesas pessoais pagas pelo lobista de uma empreiteira, de usar laranjas na compra de rádios e jornais em Alagoas e de ter ajudado uma cervejaria, a Schincariol, a obter favores do governo. De acordo com a Época, Bruno prestou depoimento ao delegado da Polícia Civil do Distrito Federal João Kleiber Esper em setembro de 2006. O depoimento, no entanto, ficou por sete meses parado, seguindo para a Polícia Federal apenas há cerca de um mês. À polícia, Bruno teria dito que o INSS, órgão ligado ao Ministério da Previdência, teria atuado para beneficiar o BMG na concessão de crédito consignado. A reportagem da revista afirma ainda que a corregedoria da polícia abriu sindicância para apurar por que o delegado demorou tanto para passar à PF um assunto que não era de sua competência. Segundo a revista, a polícia investiga a informação de que o delegado Esper e um amigo, o empresário Orlando Rodrigues da Cunha Filho, presidente da Hípica de Brasília, foram a escritório de advocacia para tentar extorsão. ''''Estive lá com Orlando, sim. Até falamos sobre o depoimento, mas não pedi dinheiro'''', disse o delegado à revista. O empresário Garcia Coelho nega as denúncia do ex-genro. O presidente do Senado rebateu em nota oficial as acusações. ''''Trata-se de um depoimento feito no curso de uma separação litigiosa de uma funcionária do meu gabinete. A Justiça não deu nenhum valor jurídico ao assunto, por tratar-se de visível expediente de provocar escândalo e pressões processuais sobre pessoas que nada tem a ver com briga de casais. O fato a mim atribuído é inteiramente falso, fruto de imaginação e má fé''''. A assessoria do BMG também nega que o banco tenha sido beneficiado.

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