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Renan diz a Lula que PMDB está liberado de apoio a governo

Senadores que apoiavam Jobim estariam irritados com o Planalto, que estaria mais próximo de Temer. Renúncia do ex-ministro pode inviabilizar PMDB unido

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça, 6, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que seu grupo político considera-se "liberado" do apoio que vem dando ao governo desde agosto de 2005, disseram fontes do partido. A cúpula do PMDB no Senado, segundo informação de parlamentares, estaria irritada com o governo por conta da aproximação de Lula com os aliados de Michel Temer, candidato à reeleição na presidência do partido. A aproximação do Planalto teria levado Nelson Jobim - que era apoiado pelos senadores peemedebistas - a desistir da disputa. Renan telefonou a Lula na manhã desta terça, para informá-lo da desistência. O apoio de Renan ao governo tem sido fundamental para conter a força da oposição no Senado, onde PFL e PSDB controlam 31 das 81 cadeiras. Dos 20 senadores do PMDB, 19 estavam na chapa de Jobim. "O Jobim vai sair da disputa diante do que considera uma interferência do Planalto na disputa interna do PMDB", disse Renan a Lula, segundo um dirigente partidário que testemunhou a ligação. "Diante disso, nós, senadores e governadores que sempre o apoiamos nos momentos mais difíceis, nos sentimos liberados", prosseguiu o presidente do Senado. União difícil Renan reuniu seu grupo na residência oficial nesta manhã, para avaliar o quadro da convenção, na qual Temer passou a demonstrar vantagem sobre Jobim. O grupo considerou que o convite feito por Lula a Temer, para uma audiência na tarde dessa terça-feira, 6, exigia uma resposta politicamente forte. Segundo o relato de seus aliados, Renan informou a Lula que a renúncia seria inevitável, caso o presidente da República não fizesse um gesto de reaproximação com Jobim antes da reunião com os governadores na Granja do Torto. A reunião de Lula com os governadores começou às 9 horas. Por volta do meio-dia a renúncia de Jobim foi divulgada. O ex-ministro contava com o apoio, mesmo que fosse discreto, do presidente para enfrentar uma convenção difícil. A renúncia de Jobim inviabiliza o projeto acalentado por Lula de unificar formalmente o PMDB. Com a retirada de sua chapa, todo o grupo de Renan Calheiros e do ex-presidente José Sarney ficará excluído do diretório nacional do partido. Renan, Sarney e a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) estiveram com Lula no último domingo. Eles queriam que o presidente mantivesse suspensa a reforma ministerial até a convenção, favorecendo Jobim com o apoio dos dois ministros de seu grupo: Silas Rondeau (Minas e Energia) e Hélio Costa (Comunicações). ´Inaceitável´ Os aliados de Renan acataram a indicação do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) para o Ministério da Integração Nacional, que Lula planejava fazer na última segunda-feira. Segundo o relato de Renan a outros dirigentes, ele teria avisado, no entanto, que considerava "inaceitável" Lula receber Temer no Planalto, em audiência, sem dar o mesmo tratamento a Jobim. Lula esteve com o ex-ministro, de quem é amigo, duas vezes em fevereiro, mas fora da agenda. Renan e seus aliados responsabilizam o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, pela aproximação de Lula com o grupo de Temer. (Colaborou Christiane Samarco)

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