Renan divide Senado e partidos já contabilizam traições

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Por NATUZA NERY
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O clima é tenso e o comportamento dos senadores, dúbio. A votação secreta que decidirá o futuro do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na quarta-feira encontra os partidos divididos ou com a expectativa de traições nas bancadas que fecharam posição. Pelas contas de aliados do presidente do Congresso e até mesmo de oposicionistas, Renan tende a ser absolvido por uma margem estreita de votos. Mas o temor de uma permanência da crise pode mudar o cenário. Renan enfrenta seu primeiro de outros três possíveis julgamentos no plenário confiante de que tem força para escapar da cassação. A dificuldade maior, no entanto, viria depois. Alguns de seus aliados não escondem nos bastidores a avaliação de que são poucas as chances de sobrevivência mesmo que o peemedebista ultrapasse este primeiro obstáculo. Eles tentarão convencê-lo a se afastar do posto. Há duas alternativas, renúncia ou licença máxima de 120 dias, ambas descartadas pelo peemedebista. São necessários pelo menos 41 votos para cassar um senador. Isso significa, por exemplo, que se a oposição colocasse 40 votos favoráveis à perda do mandato e os aliados de Renan, 39, ele seria absolvido por insuficiência de votos. Formalmente, o número de abstenções conta a favor do presidente do Congresso. Politicamente, caberá a ele atrair, no mínimo, 41 votos a seu lado para mostrar que, apesar do "calvário" que diz viver há três meses, ainda detém o apoio da maioria absoluta dos pares para comandar a Casa. O único cenário satisfatório para Renan Calheiros seria conquistar em plenário um resultado próximo do que teve na última eleição para a Mesa Diretora, 51 votos. Só assim, avaliam parlamentares, ele reaglutinaria forças e ganharia musculatura para sobreviver a novos julgamentos. Independentemente do resultado, o processo de sucessão à presidência do Senado já começou, e o primeiro nome a ser ventilado foi o de José Sarney (PMDB-AP). A oposição já reagiu à idéia e fala no nome de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que apesar de correligionário de Renan e Sarney não integra a base de apoio do governo.

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