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Renan deixa o cargo 'empurrado por escândalo', diz 'Clarín'

Jornal comenta que licença de presidente do Senado ocorre após 5 meses de crise.

Por BBC Brasil
Atualização:

O presidente do Senado do Brasil, Renan Calheiros, deixou o cargo na noite de quinta-feira "após arrastar uma crise que se prolongou por cinco meses, quando aflorou sua relação extraconjugal com uma ex-jornalista transformada em 'coelhinha' da capa da Playboy", relata reportagem publicada na edição desta sexta-feira do diário argentino Clarín. O jornal comenta que se trata oficialmente de uma licença de até 45 dias, mas que "sua mensagem, gravada diante da TV, revelou que é uma saída sem retorno". A reportagem observa que "não foram suas intimidades sentimentais que provocaram sua saída". "Os 150 dias de crise deixaram claro que ele pagava uma pensão a sua ex-amante jornalista, pela filha que têm em comum, com fundos procedentes de subornos de construtoras", diz o jornal. O Clarín comenta ainda que "apesar de sair da presidência da Câmara Alta, Calheiros conserva seu mandato como senador, condição que lhe dá certa imunidade". O jornal afirma que Renan Calheiros "concentrou poder parlamentar ao longo de vários períodos" e que sua saída "permitirá ao governo de Lula sair da paralisia em que se encontrava o Congresso por causa das denúncias contra Renan". A reportagem diz que a necessidade do governo Lula de aprovar no Senado a prorrogação da CPMF, o imposto sobre movimentações financeiras, teria sido um dos fatores que contribuiu para pressionar Calheiros "a deixar o campo parlamentar limpo para que o governo possa contar com essas votações-chave". O caso também foi tema de uma reportagem publicada na edição online do jornal espanhol El País, que afirma que Calheiros "resistia como um leão a deixar o cargo, convencido de que uma vez que voltasse a ser um simples senador não poderia retomar o cargo e seria mais facilmente condenado". O jornal observa que ele foi absolvido em votação sobre o caso dos pagamentos feitos à ex-amante - "que apareceu nua na quarta-feira na revista Playboy, que se esgotou nas bancas do Congresso", segundo informa o texto -, mas que ainda enfrenta outros quatro processos. A reportagem relata que "a oposição tinha anunciado um boicote a todas as votações se Calheiros seguisse à frente do Senado" e que "ontem mesmo havia sido criado no Congresso um abaixo-assinado com assinaturas de deputados e senadores tanto da oposição como do governo pedindo sua saída". O jornal conclui dizendo que "em seu discurso, Calheiros disse que deixava a presidência 'pelo bem do país', dizendo: 'o poder é transitório e a honra permanente, e esta não sacrifico por nada'". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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