Renan adia agenda com Dilma para viajar ao Rio com Temer

Presidente do Senado faz viagem à sede da Olimpíada com interino e prorroga reunião prevista com petista para discutir detalhes da participação dela durante julgamento do impeachment

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Por Ricardo Brito , Carla Araujo e Isabela Bonfim
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), adiou um encontro com a presidente afastada Dilma Rousseff para viajar ao Rio, na tarde desta quinta-feira, 18, com o presidente em exercício Michel Temer. A uma semana da reta final do julgamento do processo de impeachment de Dilma, a viagem de Renan com Temer será a primeira desde que o presidente em exercício assumiu interinamente o comando do País, no dia 12 de maio.

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Temer está no Rio para fazer um balanço dos Jogos Olímpicos.Inicialmente, estava previsto um encontro de Renan com Dilma no Palácio do Alvorada para o presidente do Senado discutir os detalhes da participação da petista durante o julgamento. A reunião está marcada para a manhã desta sexta-feira, 19. Dilma vai ao Senado no dia 29 fazer sua defesa pessoalmente no processo.

Nesta quinta-feira, 18, a base aliada de Temer decidiu que todos os senadores podem fazer as perguntas que acharem necessárias sem permitir que Dilma deixe o interrogatório em posição de vítima ou se sobressaia aos senadores. "Não vou abrir mão de um segundo do meu tempo", disse o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB).

Inicialmente, a intenção era fazer um julgamento breve, que se encerrasse até a segunda-feira, 29. Em jantar com senadores do PSDB na quarta-feira, 17, Temer foi informado da expectativa de que o processo se estenda até 31 de agosto. Apesar de insatisfeito com a previsão, segundo relatos, o peemedebista se conformou.

No Senado, muitos veem a ida de Dilma não como um interrogatório, mas como um debate eleitoral. Entretanto, há preocupação em manter um tom educado e respeitoso com a presidente. Por isso, a ordem para a base de Temer é que os senadores se concentrem em questões técnicas do processo de impeachment, relacionadas às pedaladas fiscais e à edição de decretos de crédito suplementares.

"Vamos recebê-la com todo o respeito. Quem dará o tom da conversa será ela. Falaremos do processo, mas se ela politizar, vai ter resposta", afirmou Cássio. 

Na próxima terça-feira, 23, líderes da base aliada farão uma reunião para transmitir as orientações uns aos outros e depois para as bancadas. Haverá atenção especial com senadores que costumam ser ríspidos, como Magno Malta (PR-ES), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Ataídes Oliveira (PSDB-TO).

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Testemunhas. A orientação para que todos falem está restrita ao interrogatório de Dilma e à fase de pronunciamentos dos senadores. A primeira etapa do julgamento é o depoimento das testemunhas. Para esse momento, a ordem é se revezar, limitando as perguntas aos líderes de partido.

A ideia é conseguir encerrar a fase de testemunhas na madrugada de sexta para sábado, sem que haja necessidade de se reunir no fim de semana. Dessa forma, toda a base de Temer estaria descansada para a fase considerada principal, que é o interrogatório da petista. Entre os aliados de Dilma, não há muitas regras. A única orientação é para que todos falem e usem o máximo de tempo possível. 

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