Renan acusa Abril de usar laranja na venda da TVA para a Telefônica

Ele volta a atacar grupo responsável por revista que o acusou de usar esse expediente na compra de rádios e jornal

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Por Ana Paula Scinocca
Atualização:

Um dia depois de prestar esclarecimentos aos relatores do processo contra ele em curso no Conselho de Ética, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a atacar o grupo Abril, que edita a revista Veja. Numa repetição de discursos anteriores, Renan acusou a Abril de "transação ilegal" do processo de venda da TVA para a Telefônica. Veja discurso do Renan "A idéia é trocar os acionistas, os laranjas, como foi chamado na oportunidade, na tentativa de aprovar um negócio flagrado na ilegalidade, conforme voto de um conselheiro da Anatel publicado na própria internet", afirmou Renan no discurso. "Quero reiterar que a negociata fere os interesses nacionais, restringe a concorrência e agride o mercado." Segundo o presidente do Senado, ao tentar transferir o controle total da TVA para a Telefônica, empresa estrangeira, "o grupo Abril, dono da revista Veja", desafia a legislação brasileira. Recentemente, a revista Veja publicou reportagem segundo a qual Renan teria usado laranjas para comprar um jornal e duas emissoras de rádio em Alagoas em sociedade com o usineiro e ex-deputado João Lyra. Agora é o senador quem acusa o grupo Abril de usar esse expediente. CPI O pedido de adiamento do julgamento pela Anatel foi feito por Renan com base na possível abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara para investigar a transação. O requerimento para a instalação da comissão foi feito por um aliado de Renan, o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA), e já conta com 182 assinaturas. De acordo com Renan, a transação da Abril com a Telefônica fere o artigo 7º da Lei do Cabo, que garante que as decisões em concessionárias de TV a cabo sejam tomadas exclusivamente por brasileiros. "Outra violação à lei brasileira nessa transação está na proibição de que uma empresa de telefonia detenha, na mesma área, concessão de TV a cabo. É um negócio ilegal, com parte já paga, que renderá ao grupo Abril quase R$ 1 bilhão. Merece criteriosa investigação", afirmou. Renan disse ainda que, convidados a dar esclarecimentos na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, os dirigentes da Telefônica e do grupo Abril "fizeram ouvidos moucos, optando pela delonga e pela procrastinação". "Tentam desesperadamente adiar os esclarecimentos, na esperança de que uma maquiagem salvadora iluda o País e chancele essa imoralidade", acusou, mencionando "empresários gananciosos, que, ferindo o interesse nacional, fazem fortuna vendendo concessões que ganharam do Estado brasileiro ao capital estrangeiro". O presidente do Senado também comentou rapidamente seu depoimento, um dia antes, ao Conselho de Ética e disse acreditar que esclareceu "as artificiais acusações que enfrenta, as quais procuram transformar um caso que tramitou na vara de família em uma crise político-institucional". Ele é acusado de ter despesas pessoais pagas pelo lobista da Mendes Júnior Cláudio Gontijo. Depois do discurso, Renan falou rapidamente a respeito dos outros dois processos que enfrenta no Conselho de Ética. Sobre o de número 2, que apura suposta interferência na Receita Federal em favor da Cervejaria Schincariol, disse que a representação "não tem o menor sentido". Já em relação à terceira investigação, sobre sociedade oculta com João Lyra para compra de um jornal e duas rádios, limitou-se a dizer: "Cada dia a sua agonia."

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