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Relatório mostra que outros caciques da política preocupavam a quadrilha

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Por Redação
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O relatório de investigação da Operação Santa Tereza indica que outros caciques políticos preocupavam a quadrilha especializada em obter liberação de financiamentos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em troca de dinheiro. Em conversa telefônica monitorada pela Polícia Federal, o empresário Manuel Fernandes de Bastos Filho, o Maneco, alerta Jamil Issa Filho, assessor de gabinete da Prefeitura de Praia Grande, que tentar a liberação de R$ 126 milhões na sede do banco no Rio de Janeiro implicaria mais um pagamento de propina, para um grupo supostamente ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. "O cara lá é ligado ao José Dirceu e vai querer morder uma grana", diz Maneco a Issa Filho, segundo a transcrição de grampo da PF, às 20h57 do dia 14 de dezembro de 2007. Esse mesmo alerta já tinha sido emitido por João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho da Força Sindical. Issa afirma que o recado tinha sido dado ao prefeito Alberto Mourão (PSDB), e que ele mandara responder que era pra ir para o BNDES no Rio "de qualquer jeito". As gravações mostram que a quadrilha se revolta com a diminuição da propina acertada com a Prefeitura de Praia Grande após a liberação das primeiras parcelas do financiamento de R$ 126 milhões pelo BNDES: baixou de R$ 4 milhões para R$ 2,6 milhões. A PF fez inclusive interceptação de e-mails que reforçou sua convicção de que a quadrilha já negociava com centenas de prefeituras o golpe contra o BNDES. Em uma mensagem do empresário Marcos Vieira Mantovani, com cópia para João Pedro, o tema abordado é uma relação de municípios que já estariam acertados com o esquema: "São estas cidades que temos domínio pleno", escreveu Mantovani, apontado como um dos mentores da organização criminosa. "Assim, o contrato com a Pole e a Progus (empresa de fachada de Mantovani), se for assinado, começaremos a maratona de idas e vindas. Esta listagem é segredo de Estado, possui reserva." Mantovani também teve seus telefonemas grampeados. No dia 12 de março, recebeu uma ligação de João Pedro. O ex-assessor do deputado Paulinho comemora o resultado de uma reunião no BNDES que ele acabara de participar. "Foi show de bola", disse João Pedro a Mantovani.

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