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Relato é prova importante, diz procuradora

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Por Redação
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A procuradora da República Eugênia Fávero afirmou que o relatório de Ustra sobre a morte de Antônio dos Três Reis Oliveira é uma prova importante, pois o militar "nega qualquer participação direta em situações envolvendo morte". Eugênia é uma das signatárias da ação movida pelo Ministério Público Federal na Justiça Federal que busca responsabilizar Ustra por torturas e mortes ocorridas no DOI de São Paulo. A existência do documento, para ela, tem ainda outro significado. "É por isso que a gente insiste na importância da criação no Brasil da Comissão da Verdade, pois há documentos muito importantes ainda não abertos", afirmou. A Comissão para a Verdade e Reconciliação foi criada pelo governo sul-africano em 1995 e era presidida pelo arcebispo Desmont Tutu. Ela foi o instrumento usado para promover a unidade e reconciliação nacional por meio da descoberta das causas das violações dos direitos humanos durante o regime do apartheid, além da concessão da anistia aos que confessassem os delitos políticos e esclarecessem o destino de desaparecidos, e a reabilitação das vítimas e do direito de contarem suas histórias e serem indenizadas. Para Eugênia, uma comissão igual no Brasil seria o instrumento para separar o joio do trigo. Ela poderia examinar os milhares de documentos dos arquivos oficiais e buscar os que supostamente ainda existiriam e estariam fechados. Segundo o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condeph) de São Paulo, jornalista Ivan Seixas, Oliveira continua desaparecido. "Sabemos que seu corpo foi enterrado clandestinamente no cemitério da Vila Formosa (zona leste) e de lá transferido à vala de Perus (cemitério na zona oeste)." Para Seixas, a descoberta do relatório de Ustra mostra a importância de abrir os arquivos do período para a localização de muitos desaparecidos políticos. "Foi assim que soubemos que o Rui Berbert (militante morto em 1972) estava morto, por um documento achado no arquivo do Dops", disse. Seixas ainda disse ser importante o documento mostrar que os chefes de Ustra tinham conhecimento do que se passava no DOI. "Ele informava os chefes." De acordo com Seixas, além de negar publicamente a morte de um militante, o DOI usava ainda outros artifícios para dificultar o encontro do corpo. "Enterrava-se a pessoa com nome falso ou se registrava que ela estava num cemitério, mas na verdade estava em outro."

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