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Reitor da Unifesp devolve dinheiro gasto com cartões

Segundo jornal, Ulysses Neto teria gasto quase R$80 mil em compras de cosméticos e material esportivo

Por AE
Atualização:

O reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ulysses Fagundes Neto, decidiu nesta terça-feira, 15, operar para pôr um ponto final no bombardeio de denúncias por mau uso do cartão corporativo, devolvendo ao Tesouro Nacional cada centavo do governo gasto por ele nos últimos dois anos. Ao fim de uma hora de reunião com o secretário-executivo da Controladoria Geral da União (CGU), Luiz Navarro, hoje, Fagundes Neto preencheu uma Guia de Recolhimento à União (GRU) no valor exato de R$ 37.676,52, paga em seguida no Banco do Brasil (BB). Ao todo, ele já devolveu R$ 85,5 mil à administração federal. Veja também: PF pode recolher outros computadores da Casa Civil Vazamento de dossiê contra FHC abre guerra dentro da Casa Civil Dossiê FHC: o que dizem governo e oposição PF pede a governo dados sobre segurança da Casa Civil PF abre inquérito para apurar vazamento de dados de FHC Dossiê com dados do ex-presidente FHC  Entenda a crise dos cartões corporativos  "Eu recebi total apoio do Ministério da Educação (MEC) e tomei a decisão de devolver os valores de 2006 e 2007 para que a CGU faça uma auditoria minuciosa em todas as contas e me diga o que é e o que não é elegível", afirmou o reitor da Unifesp, que desembarcou hoje em Brasília. A solidariedade expressa do MEC ficou clara à CGU, quando Fagundes Neto chegou acompanhado dos secretários executivo da pasta, José Henrique Paim, e de Ensino Superior, Ronaldo Mota. Acusado de hospedar-se num hotel da Disney e pagar a conta com o cartão, o reitor apresentou documentos mostrando que o motivo da viagem a Orlando, nos Estados Unidos, de 17 a 22 de outubro de 2006, não foi lazer nem férias. Ele instalou-se como hóspede no Lake Buena Vista, um dos estabelecimentos do complexo Disney, porque foi lá o 19º Encontro Anual da Sociedade Norte-Americana de Gastroenterologia Pediátrica, do qual o reitor, que é médico desta especialidade, participou como palestrante, autorizado pelo ministério. A primeira vez que Fagundes Neto usou o cartão corporativo foi em junho de 2006, na Alemanha. Empenhado em trazer para o Brasil o 3º Congresso Mundial de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição, o reitor não só apresentou um trabalho científico no 2º congresso, em Grenden, como se reuniu com colegas da Federação Internacional das Sociedades de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (FISPGHAN), que o ajudam a organizar o evento seguinte no Brasil. Esforço Este esforço foi bem-sucedido. Pela primeira vez, o País sediará a reunião mundial, marcada para agosto, em Foz do Iguaçu (PR). De resto, no entanto, a viagem só rendeu dificuldades. Na Bayer de Berlim, Fagundes Neto conheceria a tecnologia alemã na fabricação de aparelhos de diagnóstico de alto poder de resolução, que será usada em hospitais universitários brasileiros. Como o compromisso foi subitamente cancelado, o reitor teve de devolver ao Tesouro todos os gastos realizados ali e pagos com o cartão. O prejuízo não parou aí. Durante os cinco dias de encontro na cidade alemã, as despesas pessoais e de caráter institucional (alimentação, hospedagem e transporte) foram pagas com o cartão do banco. "Eu estava certo de que poderia ser feito um encontro de contas no retorno ao Brasil, com base no valor das diárias que recebia até então, e paguei a conta deste equívoco: acabei não recebendo de volta cerca de 1.300 euros", lembra. Em junho, muito antes de se falar em Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Cartões, Fagundes Neto teve de devolver outros R$ 3,7 mil gastos em restaurantes paulistas, com jantares oferecidos a delegações estrangeiras de médicos e cientistas que o haviam recepcionado, "da mesma forma", nos países de origem.

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