Reitor da UnB renuncia ao cargo

Ministro espera que agora estudantes desocupem universidade; vice de Mulholland pediu exoneração no sábado

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Por Fabiola Salvador e BRASÍLIA
Atualização:

O reitor licenciado da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, comunicou ontem ao ministro da Educação, Fernando Haddad, que vai deixar hoje o cargo em definitivo, "em nome da pacificação". No sábado à noite, o vice-reitor, Edgard Mamiya, pediu exoneração. Haddad disse esperar que, com a renúncia, os estudantes deixem o prédio da reitoria, ocupado desde o dia 3. Sem dar detalhes, ele afirmou ainda que hoje anuncia normas mais rígidas para o funcionamento das fundações ligadas às universidades federais. Os estudantes reivindicavam a saída do reitor e do vice, além de um novo critério de votação nas eleições para escolha da direção. A desocupação do prédio será definida hoje, ao meio-dia, em assembléia. "A saída do reitor é uma vitória, mas há outros pontos na pauta de reivindicação", disse Mônica Padilha, estudante de pedagogia. As denúncias contra Mulholland surgiram no início de fevereiro, em meio ao escândalo da farra com os cartões corporativos, que resultou na demissão da ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. A UnB apareceu como líder no ranking de instituições federais em gastos com cartões e o reitor teria usado recursos públicos de uma fundação, no total de R$ 470 mil, para mobiliar seu apartamento funcional. Na terça-feira, o Ministério Público entrou com ação contra ele por improbidade administrativa. O reitor nega irregularidades. A decisão de deixar definitivamente o cargo foi comunicada ontem, por telefone, a Haddad, que estava reunido, em Brasília, com representantes de professores e membros do Conselho Universitário da UnB, para discutir a situação da universidade. A renúncia será oficializada hoje, quando o secretário de Ensino Superior do ministério, Ronaldo Mota, vai se encontrar com Mulholland. No sábado, Mulholland, Mamiya e Haddad se reuniram no ministério. Após o ministro ter pedido a eles "uma decisão definitiva para a crise da UnB", Mamiya apresentou seu pedido de exoneração. Haddad contou que Mulholland não falou, anteontem, sobre a possibilidade de renúncia. Na quinta-feira, ele havia pedido afastamento do cargo por 60 dias. PROVISÓRIO Ontem, em entrevista coletiva, Haddad disse que o ministério espera receber até as 18 horas de amanhã as indicações da comunidade acadêmica de nomes para ocupar temporariamente a reitoria da UnB. O escolhido, que deve ter seu nome publicado no Diário Oficial de quarta-feira, ficará no cargo por 90 dias, prorrogáveis por mais 90, e terá, entre outras atribuições, a tarefa de organizar as eleições para a escolha do novo reitor. O reitor provisório não pode estar ligado ao grupo de Mulholand e ter intenção de concorrer nas eleições, disse Haddad. "Não queremos ninguém com o perfil que foi combatido durante a atual manifestação", afirmou a presidente da Associação dos Docentes da UnB, Rachel da Cunha. Haddad disse esperar que haja um consenso na escolha, mas, se houver mais de uma indicação, a escolha será feita por ele. "A UnB tem uma história de 47 anos e, num caso como esse, eu acredito que convém um nome de consenso, mas a prerrogativa de decisão é do ministério."

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