Reintegração de posse de terra indígena deixa 8 feridos no interior de MT

Segundo MPF, grande parte das áreas da Terra Indígena Marãiwatsédé está nas mãos de 22 grandes posseiros

PUBLICIDADE

Por Fátima Lessa
Atualização:

CUIABÁ - No primeiro dia da reintegração de posse na Terra Indígena Marãiwatsédé/Gleba Suiá Missú, na região de Ribeirão de Cascalheira, interior do Mato Grosso (MT), um confronto entre invasores e policiais deixou oito pessoas feridas.Segundo policiais locais, o conflito aconteceu entre homens do povoado Posto da Mata, último reduto previsto para ser desocupado, que teriam ido até a fazenda Jordão, já desocupada. Eles chegaram com paus e pedras jogando nos policiais da Força Nacional. Há informação de que há incentivo dos pequenos posseiros pelos grandes proprietários.A desocupação da fazenda começou por volta de meio dia numa verdadeira ação de guerra. Os oficiais estavam acompanhados de policiais rodoviários federais enquanto um helicóptero sobrevoava a área. Nesta primeira etapa, foram desocupadas grandes propriedades. Segundo levantamento do Ministério Público Federal (MPF), grande parte das áreas da Terra Indígena Marãiwatsédé está nas mãos de 22 grandes posseiros. O grupo constituído de prefeitos, ex-prefeitos, vereadores, empresários e até um desembargador é dono de mais de 32 fazendas o equivalente a 44,6 mil hectares.O conflito aconteceu entre homens do povoado Posto da Mata, último reduto previsto para ser desocupado, que teriam ido até a fazenda de nome Jordão. Eles chegaram com paus e pedras jogando nos policiais da Força Nacional. O MPF informou que desconhecia o confronto e que só no fim do dia receberia informações da equipe. O órgão admite que, no caso de desobediência, os moradores que estivessem resistindo poderiam ser enquadrados no crime de "desobediência e obstrução a ordem judicial". "A ordem é cumprir a determinação judicial", disse a procuradora Marcia Brandão Zollinger.A saída dos fazendeiros e posseiros que ocuparam a área indígena deveria ter acontecido até o fim do mês de setembro. Poucos dias antes do fim desse prazo, duas decisões do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) suspenderam a desintrusão, desobrigando, temporariamente, a saída dos ocupantes da área que pertence aos índios da etnia Xavante. No dia 17 de outubro, o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Brito, deferiu o pedido do MPF e suspendeu os efeitos da decisão liminar proferida pelo TRF1.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.