Reichstul não deve culpar ninguém em depoimento

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Por Agencia Estado
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Em seu depoimento nesta terça-feira, no Senado, o presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, não apontará suspeitos nem revelará suposições sobre as causas do acidente com a plataforma P-36, que afundou, dia 20, na Bacia de Campos. A um amigo muito próximo, Reichstul confidenciou que se recusa a provocar mais mortes, referindo-se a demissões de funcionários supostamente responsáveis pelo acidente, que deixou 11 mortos. Foram três explosões no dia 15, que provocaram o afundamento da plataforma. Reichstul explicou suas razões ao ministro das Minas e Energia, José Jorge, que entendeu a situação e o liberou: "Não faça nada injusto". Portanto, enquanto a comissão que apura causas e responsabilidades pelo acidente não concluir as investigações, nenhum funcionário da estatal será demitido. E isso deverá ser esclarecido nesta terça-feira para os parlamentares. Além dessa comissão, a diretoria da Petrobras deve contratar uma empresa com experiência internacional para também investigar as causas do acidente. A direção da Petrobras não acredita na hipótese de negligência na segurança da plataforma. Diferentemente de qualquer outra planta industrial, na plataforma de petróleo os trabalhadores comem, dormem, vivem. "A P-36 era nossa segunda casa", disse um petroleiro no ato ecumênico pela morte dos companheiros mortos. Como na casa da família, na plataforma a segurança também é vital - para as pessoas que lá trabalham e para a indústria de petróleo, seja ela estatal ou privada, desabafou Reichstul na conversa com o amigo, criticando versões de sindicalistas e parlamentares de que a Petrobras cuidou muito da gestão financeira e descuidou da segurança e do meio ambiente. A terceirização de funcionários não treinados, que teria sido a causa dos últimos acidentes da Petrobras, na versão de dirigentes sindicais, é uma realidade crescente na indústria petrolífera no mundo inteiro, seja ela estatal ou privada. Empresas como a British Petroleum (BP) e a Shell, que apresentam níveis excelentes de segurança, há muito adotam a terceirização, conta o amigo do presidente da Petrobras. As suposições sobre as causas do acidente são várias. A que consta dos boletins diários da P-36, que recomenda a compra de uma peça quebrada e a suspensão da produção de petróleo, é apenas uma delas. O fato de o gerente-geral da estatal na Bacia de Campos, Carlos Eduardo Bellot, ter retirado os boletins da rede interna de computadores não seria suficiente para acusá-lo de omissão ou descaso. A suspensão da produção, argumenta Reichstul, não seria uma ação imediata, de emergência, mas para ser adotada quando a peça quebrada fosse substituída. Bellot providenciou a compra da peça e iria suspender a produção para a substituição.

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