Receita para Alzheimer: amor e paciência

Por Agencia Estado
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Manter-se sensível e forte ao mesmo tempo é o desafio para os cuidadores de portadores de doença de Alzheimer. A pedagoga Yone de Moura Beraldo, de 60 anos, sempre quis trabalhar como voluntária em hospitais especializados em câncer. "Minha mãe dizia que eu não conseguiria, porque chorava à toa." Yone se emociona ao cuidar da mãe, que tem doença de Alzheimer. "Mas sou mais forte, tenho de ser." A doença de Alzheimer afeta a memória do paciente de forma progressiva e irreversível. Ainda com causas desconhecidas, a doença é resultado de um desequilíbrio químico no cérebro. Como conseqüência, os neurônios morrem, afetando a memória. Não há cura, mas tratamento para controlar os sintomas. "Minha mãe não fala, mas sorri. É a linguagem que ela usa para se comunicar comigo", conta Yone. A doença muda a vida do paciente, mas principalmente dos que convivem com ele. "Minha mãe virou prioridade." Foi assim também com a família de Diney Moraes, de 52 anos. Para cuidar do sogro com Alzheimer, de 78 anos, Diney e sua família mudaram de casa. "Fomos morar no mesmo prédio que meus sogros." Eles só se separam na hora de dormir. Durante o dia, Diney organiza sua vida de acordo com os cuidados dos quais o sogro precisa. Assim que sua mãe recebeu o diagnóstico de Alzheimer, Guiomar Ribeiro, de 67 anos, não parou de buscar informações sobre a doença. "Cuidar de alguém com Alzheimer demanda muito amor e suporte da família", diz Guiomar. "O cuidador tem uma missão e ainda não pode se esquecer de si mesmo." "Além de amor, paciência e compreensão. É disso que precisamos para cuidar do portador de Alzheimer", completa Iara Portugal, de 77 anos. Ela cuidou do marido durante seis anos até que ele morreu. Para passar o tempo com ele, Iara inventou brincadeiras, como contar palitos de fósforos. Ele errava a contagem, mas ela não o contrariava. "Temos de entrar nas histórias deles." Evolução No 4.º Congresso Brasileiro de Alzheimer, que terminou ontem, 175 cuidadores, além de profissionais da saúde, se reuniram para trocar experiências. A doença não tem um padrão de evolução, por isso essa troca é tão importante. A Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) é um grupo de apoio a pacientes e cuidadores. Para falar com a Abraz: tel. 0800-55-1906 ou e-mail abraz@abraz.com.br. A associação também tem site na internet: www.abraz.com.br.

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