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Raupp recua e pede volta de Simon e Jarbas à CCJ

Decisão coincide com mudança na situação de Renan, responsabilizado pela represália; os dois dizem que só retornam se não houver precondições

Por Rosa Costa e BRASÍLIA
Atualização:

Forçado a se licenciar do cargo de presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) sofreu ontem outra derrota. Uma semana depois de destituir Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), recuou e pediu que eles reassumam os cargos. A decisão coincidiu com a mudança na situação de Renan, responsabilizado pela represália contra Simon e Jarbas, que encabeçaram o coro para que ele renunciasse à presidência. Raupp comparou a "reconvocação" de Simon e Jarbas a um gesto de "humildade" da sua parte. "Conversando com a grande maioria dos senadores da bancada, resolvi conversar com os dois senadores", disse. Ele procurou Simon em seu gabinete e de lá mesmo falou por telefone com Jarbas. Os dois vão aceitar seu pedido, desde que o retorno à CCJ não esteja condicionado a expectativas sobre a forma como devem agir daqui para a frente. "Os fatos contribuem para chegar a um entendimento, mas não pode haver nenhum tipo de arranjo neste retorno", frisou Simon. Jarbas lembrou que dedica à CCJ, onde tem ocupado relatorias de temas importantes, mais da metade do seu tempo no Senado. Mas ele também assegurou que não aceitará "condicionantes" em seu trabalho na comissão. "Dessa forma, manteremos a nossa postura de independência e correção, na certeza de que este é o caminho a ser seguido", afirmou. Raupp tomou a iniciativa depois que o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, com quem conversou três vezes esta semana, e líderes do PMDB, como o senador José Sarney (AP) e o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), criticaram a inabilidade da decisão de substituir Jarbas e Simon. Temer ameaçou levar a questão ao Conselho Nacional do PMDB. TENDÊNCIA Mares Guia argumentou que as substituições na CCJ - por Almeida Lima (PMDB-SE), um dos principais defensores de Renan, e Paulo Duque (PMDB-SE), um segundo suplente sem experiência - contaminaria o ambiente a ponto de inviabilizar a aprovação da emenda que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Já Sarney reconheceu que sem o recuo a tendência era a situação do Senado piorar cada vez mais. Primeiro a lamentar o afastamento de Simon e Jarbas, o presidente da CCJ, Marco Maciel (DEM-PE), comemorou o recuo de Raupp. "Saúdo como fato positivo porque os senadores Simon e Jarbas são duas figuras exponenciais da política brasileira e pessoas caracterizadas pela longa militância no partido ao qual pertencem", afirmou. "O retorno é bom para a CCJ, é bom para a instituição como um todo e, por conseqüência, é bom para o País." Raupp negou que tenha sido pressionado e afirmou que um dos motivos que o levaram a chamar Jarbas e Simon de volta foi a desistência dos líderes do bloco da maioria de trocar nomes da CCJ. Com senadores, ele chegou a falar em Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante, ambos do PT de São Paulo. Outros senadores de Rondônia atribuem a decisão de Raupp à reação em seu Estado, a ponto de comprometer suas aspirações de voltar a governá-lo.

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