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Rastreamento de ligações reforça provas sobre cativeiro

Por Agencia Estado
Atualização:

O prefeito de Santo André, Celso Daniel, foi mesmo levado ao cativeiro da Rua Guaicuri, na Favela Pantanal, Cidade Júlia, zona sul, depois de ter sido seqüestrado na Vila das Mercês. A confirmação veio com o rastreamento do telefone celular do prefeito, solicitado à Telesp pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O aparelho recebeu só duas chamadas após o seqüestro, ambas na região da Favela Pantanal e do Jardim Míriam, bairro próximo do cativeiro. O autor da primeira ligação, pouco antes da meia-noite, foi o empresário Sérgio Gomes da Silva. O empresário, que estava com o prefeito na hora da abordagem da quadrilha, já tinha dito que ligou para o celular de Daniel na expectativa de fazer contato com os seqüestradores. Um policial fez a segunda ligação, no começo da madrugada de sábado, durante o registro da ocorrência no 26º Distrito Policial, do Sacomã. O objetivo também era entrar em contato com a quadrilha. Depois das duas chamadas, não atendidas, os criminosos desligaram o telefone. As demais ligações caíram na caixa postal, o que eliminou as possibilidades de rastreamento. A localização das ligações foi possível por causa da torre da Telesp instalada na região. Ela redireciona as chamadas de grande parte da zona sul, principalmente do Jardim Míriam e de bairros próximos, onde há um conjunto de favelas, entre elas a Pantanal. Ao ser arrancado da Pajero de Silva por dois homens, o prefeito, que vestia jeans, camisa social e um blusão, carregava o celular na cintura. Na segunda-feira, um dia após a localização do corpo do prefeito em Juquitiba, o DHPP solicitou à Telesp o rastreamento das ligações feitas e recebidas no celular de Daniel desde a noite da sexta-feira. O delegado do DHPP Armando de Oliveira Silva, que preside o inquérito do crime, recebeu as informações detalhadas das ligações dias depois. A revelação de que as chamadas reforçam as provas relativas à favela não surpreendeu os investigadores e delegados do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic). A denúncia recebida no começo da semana pelo delegado Edson Santi, da 2ª Delegacia da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio, levou a polícia nesta sexta-feira ao salão da Rua Guaicuri, 80-F, onde havia um recibo do Clube Sul América Saúde e Vida em nome de Celso Augusto Daniel. Muitos moradores sabem que o salão servia como cativeiro, para desmanche de carros e encontros de traficantes e ladrões. Para vários deles, não era segredo que o prefeito ficou no salão durante grande parte do sábado, mas não falam nada pelo temor de represálias. "Aqui quem fala não continua vivo", disse um morador a um investigador do DHPP que percorreu a favela no começo da semana.

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