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Raquel diz que encontro com Temer foi para tratar de sua posse na PGR

Presidente recebeu futura procuradora-geral em encontro fora da agenda, que aconteceu no mesmo dia em que defesa do peemedebista pediu suspeição de Janot

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla e Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - Sucessora de Rodrigo Janot no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), a subprocuradora Raquel Dodge disse que teve uma reunião na noite desta terça-feira, 8, com o presidente Michel Temer para tratar de sua posse no cargo, que ocorrerá em setembro. "O presidente indagava sobre a data e horário possível para a minha posse, pois precisa viajar para os EUA no dia 18 de setembro, segunda, para fazer a abertura da Assembleia Geral da ONU no dia 19. O mandato do PGR termina no dia 17, domingo", respondeu Raquel Dodge ao ser questionada pelo Estado sobre o tema do encontro.

Raquel Dodge diz que tratou com Temer sobre sua posse, no dia 18 de setembro Foto: André Dusek/Estadão

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Temer recebeu a futura procuradora-geral da República em encontro marcado fora da agenda oficial. Raquel chegou ao Palácio do Jaburu por volta das 22 horas em seu carro oficial. A assessoria do Planalto diz que Temer atendeu a um pedido de Raquel para conversar sobre a sua posse no cargo, que será realizada no Palácio do Planalto no dia 18 de setembro, um dia depois do encerramento do mandato do atual procurador, Rodrigo Janot.

O encontro de Temer e Raquel foi realizado no mesmo dia em que o presidente pediu ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato e do caso JBS no Supremo Tribunal Federal, a suspeição - e impedimento - do atual procurador-geral, por meio de seu advogado, o criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira. Na ação, Temer alega que "já se tornou público e notório que a atuação do procurador-geral da República, em casos envolvendo o presidente da República, vem extrapolando em muito os seus limites constitucionais e legais inerentes ao cargo que ocupa".

Em entrevista ao Estado, Temer também fez duras críticas a Janot e disse que as mudanças na Procuradoria-Geral da República "darão o rumo correto à Lava Jato", explicando que "o rumo certo é o cumprimento da lei".

Nos próximos dias, Janot poderá dar entrada em uma nova denúncia contra Temer por obstrução de justiça e formação de quadrilha. A ação arquivada pela Câmara na semana passada foi por acusação de corrupção passiva. Temer diz que as acusações são infundadas e ineptas.

O recebimento para uma conversa do ex-presidente da JBS Joesley Batista fora de agenda, depois das 22 horas, no Jaburu, foi exatamente o motivo da maior crise política enfrentada pelo presidente da República, que levou à tentativa de abertura de processo contra ele no STF, derrubada na semana passada pela Câmara. Nesse encontro, Joesley Batista gravou Temer e a conversa foi o objeto da ação.

Temer estava em São Paulo durante todo o dia de ontem. Chegou a Brasília por volta das 18 horas, despachou no Planalto até às 21h25, seguindo para o Jaburu. Hoje, o presidente embarca daqui a pouco para o Rio de Janeiro, onde participa da solenidade de abertura do Encontro Nacional de Comércio Exterior.

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Raquel Dodge foi indicada por Temer para substituir Janot em 28 de junho e, em 12 de julho, seu nome foi aprovado pelo Senado para comandar o Ministério Público Federal. 

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