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Rainha suspende invasões e cobra diálogo com governo

Desde domingo, cerca de 2 mil sem-terra invadiram 13 fazendas no Estado de SP

Por Agencia Estado
Atualização:

O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), José Rainha, disse na quinta-feira, 22, que estão suspensas as invasões na região oeste do Estado de São Paulo. Os integrantes do movimento formalizaram um pedido de diálogo com representantes do governo e aguardam resposta. "Agora queremos negociar", disse Rainha, por telefone, à agência Reuters. Desde o último domingo, 18, cerca de 2 mil sem-terra invadiram 13 fazendas nas regiões de Pontal do Paranapanema e Alta Paulista. Os integrantes do MST protocolaram pedidos de audiência com o secretário da Justiça, Luiz Antonio Marrey, e com representantes do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp). Também foi solicitado um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Marrey tem declarado que o diálogo depende da desocupação das terras. Rainha rechaçou a acusação da União Democrática Ruralista (UDR) de que o objetivo do movimento seria intimidar o novo governo estadual, que tomou posse em janeiro deste ano. "Temos convicção de que Serra está entrando agora, mas temos o dever de chamar a atenção para o problema, para fazer um acordo, o que não aconteceu com Alckmin", afirmou o líder. "A gestão passada só fez construir presídios na região." O líder do MST disse também que as ações do movimento servem para despertar a sociedade e o Estado para a necessidade da reforma agrária. "Eles sentam em cima das reivindicações dos trabalhadores." Ele alertou, no entanto, que nas regiões de Andradina e Araçatuba as invasões devem continuar. As ações desta semana contaram com a parceria de sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Na quinta, foi concedida a primeira liminar de reintegração de posse, emitida para a fazenda São José, localizada em Piquerobi. De acordo com o presidente da UDR, Luiz Antonio Nabhan Garcia, a entidade encaminhou ações para desocupar todas as fazendas invadidas. "Tem representação que não teve tempo de dar entrada ainda devido aos procedimentos legais", disse Nabhan. As ordens judiciais de reintegração de posse devem ser cumpridas sem resistência pelo MST. Em relação à CUT, o líder da UDR fez uma ameaça. "Como a CUT tem personalidade jurídica vai ser responsabilizada civil e legalmente por atos ilícitos", afirmou. "Invasão é crime." (Colaborou José Maria Tomazela)

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