Racha na base aliada marca disputa por cargos na Mesa

Candidatos escolhidos pelo PMDB e pelo PSDB para ocupar postos no comando da Câmara foram derrotados

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Foto do author Julia Lindner
Por Isadora Peron , Daiene Cardoso , Igor Gadelha , Julia Lindner , Tania Monteiro e Carla Araujo
Atualização:

BRASÍLIA - A eleição da Mesa Diretora da Câmara nesta quinta-feira, 3, foi marcada por rachas na bancada governista. No PSDB, a briga interna foi exposta no plenário pela vaga da Segunda-Secretaria e no PMDB, partido do presidente Michel Temer, o candidato oficial da sigla para a Primeira Vice-Presidência sequer chegou ao segundo turno.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) Foto: ANDRESSA ANHOLETE|ESTADAO

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No ninho tucano o impasse se deu quando a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) – vice-presidente nacional da sigla – passou por cima da decisão da bancada e lançou sua candidatura avulsa. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi escolhido em votação interna para representar o partido na Mesa Diretora e Mariana, apesar de brigar pela indicação da bancada, não participou da eleição interna por receio de perder para o colega paulista. 

Aconselhada por parlamentares do Centrão e do PMDB, que queriam derrotar em plenário o defensor do Ministério Público no pacote anticorrupção, Mariana manteve a candidatura, mas sofreu o constrangimento de ver Sampaio se retirar da disputa e ouvir o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), dizer que seu nome não representava o partido. “Ela fugiu do controle”, resumiu um deputado tucano. 

Consequências. Embora tenha levado o posto por 416 votos, Mariana recebeu recados de que seu gesto terá consequências. “Não estou nem aí, não tenho nada a perder”, disse ao Estado. Tucanos concluíram que Mariana saiu chamuscada do episódio e consideram que a deputada foi usada em retaliação à confirmação de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) na Secretaria de Governo e a atuação do Planalto na reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Sampaio era o preferido de Maia. 

Entre os peemedebistas, o irmão do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, sofreu as consequências do parentesco e foi atropelado pelos colegas de bancada. Lúcio Vieira Lima (BA) teve 133 votos e não passou do primeiro turno. Entre o preferido da bancada ruralista, Osmar Serraglio (PR), e o fornecedor de fartos jantares nas sessões noturnas, Fábio Ramalho (MG), ganhou por 265 a 204 votos o deputado que oferece comida de graça para os colegas. Ramalho e Serraglio disputaram em candidaturas avulsas a Primeira Vice-Presidência.

Outra surpresa da eleição foi o segundo turno para a Terceira-Secretaria, cargo que cabia ao PSB. O deputado JHC (PSB-AL) derrotou o indicado da bancada João Fernando Coutinho (PSB-PE) por 240 a 220 votos. Pessebistas atuaram para tratorar o candidato do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e para dar o troco a suposta ação do governo na eleição do líder da bancada na Câmara.

Além de Mariana e JHC, a nova Mesa Diretora terá como representante da “bancada da juventude” André Fufuca (PP-MA), único do grupo que era o candidato oficial do partido. “Foi a boa relação na juventude que se uniu e fiz JHC, Fufuca e Mariana. Essa Mesa vai ser uma bagunça. Muito despreparo e muitos espertos”, comentou um parlamentar experiente.

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Os demais cargos foram compostos sem surpresa: Fernando Giacobo (PR-PR) foi eleito para a Primeira-Secretaria e Rômulo Gouveia (PSD-PB) ficou com a Quarta-Secretaria. As quatro suplências foram preenchidas por Dagoberto (PDT-MS), César Halum (PRB-TO), Pedro Uczai (PT-SC) e Carlos Manato (SD-ES).

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