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Químico acusa diretor de laboratório de forjar sua assinatura

Por Agencia Estado
Atualização:

Ex-gerente de produção do laboratório Enila, o químico Sérgio Porto Carrero, que deixou a empresa há um ano e três meses, acusou hoje em depoimento à Polícia Civil o diretor-presidente do laboratório, Márcio D?Icarahy, de fraudar sua assinatura na instrução de fabricação do medicamento Celobar, suspeito de ter provocado a morte de pelo menos 21 pessoas. "Aquilo é fraude, dá cadeia. Ele (D?Icarahy) foi desonesto. As pessoas que deveriam assinar o documento não assinaram. Ele não pode usar meu nome. Uma vez que saí há um ano e três meses, está usando minha assinatura forjada. É um vigarista e cafajeste", afirmou o químico. O delegado Renato Nunes, da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública, disse que o documento sob suspeita de fraude "afere a prestabilidade do medicamento e diz se ele está apto a ir para o mercado". "Posso dizer que não é um documento legítimo", declarou Nunes, referindo-se à instrução de fabricação apresentada pelo Enila com a assinatura de Carrero. O advogado do laboratório, Paulo Henrique Lins, argumentou que o documento só é modificado quando há alteração da fórmula do medicamento, e por isso a assinatura teria sido mantida. "É como uma receita de bolo de farinha. A instrução de fabricação feita por ele (Carrero) só seria modificada se a fórmula fosse trocada. Mas quem aprova tudo é o farmacêutico responsável, a fórmula é uma receita interna", disse o advogado. O químico também acusou o laboratório de fazer experiências para a obtenção do medicamento que não eram seguras. "O cara que fez isso só pode ser um imbecil, porque quando você trata carbonato com ácido sulfúrico vai dar tanto sulfato de bário como carbonato de bário (que teria provocado as mortes)", acusou. Carrero disse que pediu demissão da empresa após uma briga com D?Icarahy, por "incompatibilidade". O juiz Gustavo Bandeira da Rocha Oliveira, da 1.ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, encaminhou hoje ao Ministério Público (MP), para verificação de requisitos, o processo em que o laboratório Enila pede concordata preventiva. Uma decisão favorável à empresa poderá dificultar o pagamento de indenizações a parentes das supostas vítimas do Celobar. "A situação é decorrente da circunstância de impossibilidade de comercialização", disse o advogado da empresa. O pedido do Enila, representado por D?Icarahy, foi feito em 6 de junho, dez dias após sua interdição pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A empresa afirma ter dívidas de R$ 4,2 milhões. O maior credor seria o Laboratório Besins, com R$ 2,4 milhões a receber. Se o laboratório carioca entrar em concordata, terá dois anos de prazo para quitar os débitos: 40% no primeiro ano e 60% no segundo. Se não pagar, o Enila terá sua falência decretada.

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