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"Quero ser processado", clama Jader

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Por Agencia Estado
Atualização:

Inconformado com a insistência de seus adversários políticos de incriminá-lo no caso do desvio de recursos do Banpará, há 17 anos, o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), quer o direito de ser defender na Justiça. "Quero ser processado", pediu hoje, ao lembrar que ele próprio já subiu à tribuna para abrir mão de sua imunidade parlamentar, se o Ministério Público ou qualquer cidadão processá-lo na Justiça. Ele se diz vítima de uma "campanha das viúvas do ACM", referindo-se a seu maior inimigo político, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). "Isto tudo decorre do fato de eu ter me metido em uma confusão com o homem mais poderoso do País", resumiu Jader. Ele garante não ter arrependimento algum de ter entrado na guerra contra ACM, até porque saiu vencedor, presidindo a sessão do Senado em que o inimigo foi forçado a renunciar para evitar a cassação. Reconhece, porém, que pagou um preço muito alto pela vitória. "O preço é o mesmo que Londres pagou por ter brigado contra Hitler: ganhou, mas ficou bombardeada, com a catedral no chão, e levou anos para fazer a reconstrução", descreveu. O presidente do Senado irritou-se particularmente com a notícia publicada ontem pelo Estado, dando conta da existência de um novo relatório do Banco Central, trazendo provas definitivas de que recursos desviados do Banpará teriam sido depositados em sua conta pessoal do Banco Itaú, agência Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. "Eu soube que tem um quarto relatório, e que está sendo elaborado um quinto, e que um sexto é que terá novidades", ironizou na chegada ao Senado hoje, dizendo que espera responder sobre o mesmo assunto, que se passou há 17 anos, pelas próximas três décadas. À tarde, porém, Jader ponderou que a opinião pública deve ficar muito irritada com tanto dinheiro indo parar em sua conta sem que nenhuma providência seja tomada. "Não posso tratar seriamente uma denúncia tão detalhada que ninguém assume, pois só aparece em um noticiário fantasma, sem identificar a fonte", argumentou. O presidente do Senado argumenta que, se as comprovações são de tal clareza, alguém tem que assinar uma representação exigindo o ressarcimento do dinheiro roubado. Segundo ele, no caso de um processo sua primeira defesa seria o relatório do próprio BC, datado de 6 de maio de 1992, dando conta de que as investigações do banco não conseguiram identificar "os beneficiários do produto final dos resgates das aplicações dos recursos desviados do Banpará". O relatório vai além, salientando que, apesar "de os inspetores do BC terem se esmerado na busca de documentação, com vistas a individualizar os infratores, não conseguimos detectar provas suficiente, robustas, convincentes, no sentido de, juridicamente, indiciar o Sr. Jader Fontenele Barbalho". Segundo Jader, não pode um relatório de um fiscal (Abraão Patruni), que o incrimina, mas não teria sido aceito pelo próprio BC por falta de provas, valer mais que as conclusões finais das investigações do banco.

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