O ex-procurador-geral Rodrigo Janot e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltaram ao noticiário na noite desta quinta-feira, 26, após a revelação pelo Estado de que o então procurador-geral da República chegou a ir armado a uma sessão do tribunal com a intenção de matar Gilmar. No auge da Operação Lava Jato, Janot e Gilmar ocuparam papéis antagônicos.
Relembre a atuação de cada um deles.
Quem é Rodrigo Janot?
Rodrigo Janot Monteiro de Barros é ex-procurador-geral da República. Ocupou o cargo mais alto do Ministério Público Federal (MPF) de 2013 a 2017, durante dois mandatos consecutivos.
Janot se transformou em uma espécie de símbolo da Lava Jato no MPF, após denunciar o então presidente Michel Temer e pedir investigações contra dezenas de políticos implicados em delações premiadas de executivos e outros colaboradores da operação – casos que ficaram conhecidos como "listas de Janot". No cargo de procurador-geral, Janot chegou a apresentar duas denúncias contra Temer, no caso das gravações do presidente com o empresário Joesley Batista, da JBS.
Janot foi responsável pelas denúncias da Operação Patmos da Polícia Federal, que gravaram o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures carregando uma mala com R$ 500 mil nas ruas de São Paulo, na época em que era assessor especial de Temer no Palácio do Planalto. O dinheiro havia sido oferecido pelo executivo da JBS Ricardo Saud a título de propina.
A divulgação das denúncias criaram a maior crise do governo Temer. A Câmara dos Deputados acabou barrando as duas denúncias contra o presidente. Janot, por sua vez, foi substituído por Raquel Dodge em setembro de 2017.
Quem é Gilmar Mendes?
Gilmar Ferreira Mendes é ministro do STF desde 2002, quando se tornou o terceiro indicado à Corte pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Gilmar exercia o cargo de Advogado-Geral da União quando foi indicado.
No auge da Operação Lava Jato, entre 2016 e 2018, Gilmar se tornou o principal expoente da ala "garantista" do Supremo, que defende de forma mais rígida a presunção de inocência e critica os métodos da força-tarefa de Curitiba. O ministro se tornou alvo de manifestações após conceder a soltura de investigados e réus da operação, revisando decisões de primeira instância.
Pelas mãos de Gilmar, foram liberados acusados como o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, o ex-dirigente da Dersa Paulo Vieira de Souza, o empresário carioca Jacob Barata Filho (três vezes), o ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes e o empresário Eike Batista – entre outros. As justificativas muitas vezes citavam falta de provas ou até constrangimento ilegal dos acusados.